UNE

Velhos tempos

Sidney Borges
Eu me lembro de uma tarde de sexta-feira de 1968. Passei no Edifício Copan em São Paulo, fui ao apartamento 1218 do Bloco B. Mahália Jackson cantava enquanto o meu amigo Antonio Benetazzo fazia a mala. Ele ia de carona comigo, seu pai tinha uma loja de souvenirs para turistas em São Sebastião. Benê era estudante da FAU e da Filosofia. Em 1969 viajou a Cuba e fez treinamento de guerrilha ao lado de Dirceu. Ambos faziam parte do Molipo. Benê voltou ao Brasil, foi preso e morreu sendo torturado. Seu corpo foi desovado no Brás, ao lado do colégio Sarmiento. A pantomima repressiva o colocou sob um caminhão, como se tivesse sido atropelado. Do grupo de Cuba sobreviveram poucos. Mal pisavam no Brasil eram presos. Parece que algum agente da repressão infiltrou-se. Digo parece por não ter provas, pode ter sido coincidência. Mais de trinta coincidências que viraram cadáveres. Dirceu Sobreviveu. Coincidência. Naquela tarde Benê me disse que o Congresso da UNE em Ibiúna seria uma roubada. Foi mesmo. Dirceu que o diga...

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