Recordações

Viajando

Sidney Borges
Amsterdam, dia ensolarado, final do século XX. Depois de andar e andar entrei num café e pedi água mineral e café expresso. Sentei-me perto da janela que dava para um canal movimentado, com barcos indo e vindo. Na calçada também muito movimento, principalmente de jovens com mochilas nas costas. Férias, tempo de viajar, conhecer lugares, pessoas, cheiros novos, sabores diferentes.

Enquanto eu lia o El País e saboreava o café brasileiro de Cravinhos, segundo o garçon me contou em inglês tosco, duas senhoras entraram no recinto e acomodaram-se na mesa vizinha. Uma delas falou com o atendente e este voltou com um pacotinho nas mãos e uma bandeja com duas xicaras de café.

Elas conversavam enquanto uma enrolava um cigarro. Quando puseram fogo o cheiro impregnou o ambiente e revelou a verdadeira identidade do cilindro de papel. Não era tabaco, mas sim um baseado. Cruzes! Maconha. As inocentes velhinhas eram maconheiras. Quem diria? Já não fazem velhinhas como antigamente.

Na saída examinei o cardápio sobre o balcão. Havia farta oferta de "la hierba". De todas as procedências. Comércio legal, com anuência do governo e garantia de qualidade. Nada de traficantes na parada.

Continuei andando e no final da tarde, nas proximidades do hotel, entrei no bar da esquina para tomar uma coca-cola e ouvir bossa nova. Com fome pedi o cardápio para escolher um sanduíche.

Nesse bar não havia maconha, mas serviam absinto. De todas as graduações alcoólicas, inclusive um denominado "Toulouse-Lautrec", com a advertência: não é para principiantes.

Pedi uma dose. Acabei tomando duas e indo embora alegre e feliz.

Amsterdam no verão é uma festa...

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