Diferenças

Sharia

A Sharia (ou Charia), conjunto das leis islâmicas, tem seu fundamento num bizarro amálgama de religião e direito. As leis são sobretudo religiosas, baseadas no Alcorão, a coletânea de escrituras sagradas reveladas por Alá ao profeta Maomé em Meca e Medina.
Os princípios da Sharia que regem a vida das mulheres no Islã são rígidos e determinantes, não permitindo a elas direitos básicos. Por exemplo, quando doentes, são impedidas de ir a hospitais públicos para não serem tratadas por médicos ou enfermeiros homens! É pouco.
Durante o regime Talibã que tomou Cabul em 1996 a situação se agravou: as mulheres foram proibidas de estudar e trabalhar. Quer dizer, as poucas pobre-coitadas mulheres médicas não puderam mais exercer sua profissão e as muitas pobre-coitadas mulheres necessitadas de atendimento médico, não puderam se tratar. Ora pois!
Veio o 11 de setembro. E esse trágico atentado sofrido pelo povo americano provocou grandes mudanças no mundo todo, não só na área de segurança. Dentre as transformações, há algumas bem interessantes como a que identifiquei em meu resumido universo social. Nas conversas entre “luluzinhas”, notei que esse assunto - as normas para a mulher sob o islamismo e as normas (sim, elas existem e ainda são muitas!) para uma mulher ocidental – sempre ressurgia. Ressurgia, provocando imensas e até engraçadas discussões do tipo “credo! se eu puder escolher, prefiro o Bush”, (como se, um dia, nosso imenso Brasil pudesse ser tomado pelos Talibãs) ou “oh não, por Alá! que esse regime nunca chegue aos trópicos”, ou “burca jamais”. Digo isso porque, antes do 11 de setembro, não lembro desse tema ser tão comentado entre as mulheres, expondo as mais díspares opiniões .
E, aproveitando a deixa, gostaria de mostrar alguma pérolas talibãs que encontrei no "O Livreiro de Cabul", livro que estou quase terminando de ler. Essas preciosidades são a concretização do popular seria-cômico-se-não fosse-trágico. Vejam algumas:
- o Talibã proibiu o uso de esmalte. As infelizes que ousaram desobedecer a lei, tiveram a ponta do dedo ou um dedo inteiro do pé, cortados;
- sapatos brancos, nem pensar. A cor era proibida por ser a da bandeira deles, e essa é uma das partes cômicas porque branco simboliza a paz. E, cá pra nós, paz é um conceito que eles parecem não conhecer;
- sapatos com saltos muito duros também não podia: o bater dos saltos femininos no solo poderia distrair os homens, prejudicando sua atenção no trabalho. Vade retro!
- sabe aquela telinha que tem na frente das burcas? Não, não é para as desafortunadas enxergarem um pouquinho mais do mundo. Serve, isso sim, para os homens vigiarem o quê, pra onde e, mais importante, pra quem, sua mulher está olhando.
E tem muito, muito mais. Mas vou contar só mais uma, e essa regra atingia a todos, homens, mulheres e crianças : empinar pipas, diversão e esporte tão difundido, sendo para alguns povos orientais como hindus e chineses além disso um costume ritualístico, não era permitido de jeito nenhum. Eles achavam que era perda de tempo. E ponto. Ai de quem desobedecesse. Já pensaram o que seria da molecada do Ipiranguinha, da Estufa II, ou do Sumidouro?


Miriam Tabarro

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