Praga



Caramujo Africano em Ubatuba, um turista que não é bem-vindo!

Verão, vida boa, tempo de calor e chuvarada, ótimo para apreciar as paisagens e animais de nossa maravilhosa Ubatuba. Olha a Saíra Sete Cores! A gaivota! O sabiá! O caramujo! Caramujo?
Infelizmente a nossa natureza também foi invadida pelo caramujo-gigante africano, conhecido pelos cientistas como Achatina fulica (Lê-se acatina fulica). A espécie exótica invasora é a que mais causa danos ao meio ambiente a agricultura no Brasil.
De acordo com o estudo da Drª. Fischer da Pontifícia Universidade Católica (PUC-Paraná), o caramujo-gigante africano foi trazido de maneira ilegal para o Paraná por volta da década de 1980 e, então, levado para todas as regiões do país. Os disseminadores desses animais traziam promessa de lucro fácil, incentivando a criação para ser usado como alimento e provendo que o Brasil seria o maior exportador da iguaria. Apesar de ser bem maior e mais produtivo que o escargot tradicional (Helix aspersa), o mercado não aceitou a sua carne, seja pela questão cultural ou pela falta de controle de qualidade de fiscalização. Os criadores desanimados e desestimulados abandonaram as criações ou liberaram os animais na mata nativa e nos rios. A praga se alastrou em nosso território, o fato de serem bastante resistentes, não possuírem predadores naturais em nosso país, somados à estratégia reprodutiva, permitiu o sucesso dos animais. Eles são hermafroditas (possuem órgãos reprodutores tanto de fêmeas como de machos), fazem até cinco posturas por ano com cerca de 300 ovos cada, e em cinco meses cada caramujinho já está pronto para se reproduzir, podendo viver até sete anos.
Além disso, podem transmitir um verme nematóide causador da angiontrongiliose, que causa um tipo de meningite e angiontrongiliose abdominal, através do contato com o muco produzido pelo caramujo. Até o presente momento não foram encontrados caramujos infectados.
Apesar disso, cuidado com a “baba” do animal e lave bem os alimentos das hortas caseiras, pois o contato dos caramujos com o lixo urbano pode causar, aos seres humanos, outros tipos de doenças.
O caramujo é um problema, pois compete por espaço e alimento com espécies nativas, destroi plantações, grãos armazenados e jardins. Em Miami foram gastos mais de 1 milhão de dólares para exterminar 18.000 caramujos presentes em 42 quadras, sendo para tal, necessários seis anos de uso de iscas com veneno, catação por profissionais capacitados e campanha de educação Ambiental.
De acordo com Fábio de Castro da Agência Fapesp, o procedimento básico para combater ao caramujo consiste em recolher os espécimes - com proteção de luvas ou sacos plásticos para evitar o contato direto – e depositá-los nos recipientes disponibilizados pelas prefeituras. O poder público então encarrega de levar os animais para um aterro sanitário, onde são esmagados e enterrados sob uma camada de cal. “Por isso é necessário envolvimento direto das prefeituras e da população. A comunidade precisa saber que esse caramujo é um problema”, afirma o analista ambiental do Ibama.
Amigos moradores e turistas, tomemos consciência de que o grande vilão dessa história não é o pobre caramujo que apenas luta para sobreviver, mais o ganancioso HOMEM que insiste em não se preocupar e modificar a natureza. Preserve nossa cidade!


Camilo de Lellis Santos
Biólogo

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