Antes de votar, pense bem...
Não vote em mensaleiro
Claudio Weber Abramo
Não vote em mensaleiro ... ou em sanguessuga, vampiro, anaconda, gabiru, e todo o resto dessa fauna de políticos que buscam mandatos parlamentares para, através da imunidade, escapar de responderem a processos na Justiça por um rol de crimes que variam da corrupção ao contrabando, ao tráfico de drogas, á apropriação indébita e assim por diante. O último levantamento disponível sobre parlamentares que são réus em processos criminais (não estamos falando de disputas triviais entre vizinhos) é o do sítio congressoemfoco.com.br, realizado em abril do ano passado.
Dá-se conta de que, dentre os 594 senadores e deputados federais, nada menos de 102 respondem, como réus, a um total de 185 processos desse tipo. E veja-se que isso é anterior ao caso dos mensaleiros, dos sanguessuras e outros, surgidos no entretempo. O que esse pessoal busca num mandato legislativo é a proteção contra a Justiça, pois, para que um processo contra um parlamentar tenha seqüência, é necessária a autorização expressa de sua casa legislativa.
Mas como tem se tornado deprimentemente óbvio, para que um parlamento conceda tal autorização, é necessário que o sujeito seja no mínimo um genocida. Mensaleiros, ladrões, traficantes, falsificadores etc. têm contado com a cumplicidade de seus companheiros de mandato. Cabe ao eleitor negar-lhes essa saída fácil, recusando-lhes o voto. É esse o mote da campanha “Não vote em mensaleiro”, desencadeada esta semana pela Transparência Brasil. Salta à vista que, se o sujeito foi denunciado pelo Ministério Público por algum crime, não é saudável votar nele.
Não votar em mensaleiro (e gabiru, fênix, raposa etc.) não significa condenar a pessoa de antemão. Significa, ao contrário, deixar que a Justiça corra seu curso, para que se possa, afinal, decidir sobre sua culpabilidade. Se inocentes, então poderão depois se apresentar ao eleitorado. O que não é possível é usar-se o argumento da “inocência até prova em contrário” para justificar uma suspensão indefinida do julgamento. Observe-se que políticos que se apresentam em eleições procuram convencer o eleitorado de que são uns caras legais, que têm propostas edificantes etc. e tal.
Alguns recorrem a suas realizações legislativas (projetos de lei aprovados) ou executivas (obras e outras iniciativas) para demonstrar sua grandeza de propósitos. Nada a objetar quanto a isso. Mas também nada mais justo, então, que o eleitor também seja informado das folhas-corridas dos candidatos. Aqueles que têm uma história límpida poderão, assim, ser comparados com mais justeza com aqueles indivíduos, digamos, obscuros, que com eles concorrem.
É isso o que a Transparência Brasil está preparando para divulgação no final de julho, início de agosto: o histórico de candidatos que almejam a reeleição à Câmara dos Deputados; incluiremos também ex-ministros, ex-governadores, ex-senadores e ex-prefeitos de capitais que buscam mandato federal. O voto é o primeiro e último recurso que o eleitor tem para combater a invasão da política por aventureiros.
E, ao contrário do que querem nos impingir, negar o voto a essa gente não significa pré-julgamento. Julgamento acontece na Justiça. O que se deseja é exatamente que o julgamento seja tornado possível. Não votar em mensaleiro representa uma medida de autoproteção contra a prática parlamentar da cumplicade praticamente automática com indivíduos que são réus em processos criminais. Não vote em mensaleiro.
Claudio Weber Abramo é Diretor executivo da ONG Transparência Brasil.
http://www.transparencia.org.br
Claudio Weber Abramo
Não vote em mensaleiro ... ou em sanguessuga, vampiro, anaconda, gabiru, e todo o resto dessa fauna de políticos que buscam mandatos parlamentares para, através da imunidade, escapar de responderem a processos na Justiça por um rol de crimes que variam da corrupção ao contrabando, ao tráfico de drogas, á apropriação indébita e assim por diante. O último levantamento disponível sobre parlamentares que são réus em processos criminais (não estamos falando de disputas triviais entre vizinhos) é o do sítio congressoemfoco.com.br, realizado em abril do ano passado.
Dá-se conta de que, dentre os 594 senadores e deputados federais, nada menos de 102 respondem, como réus, a um total de 185 processos desse tipo. E veja-se que isso é anterior ao caso dos mensaleiros, dos sanguessuras e outros, surgidos no entretempo. O que esse pessoal busca num mandato legislativo é a proteção contra a Justiça, pois, para que um processo contra um parlamentar tenha seqüência, é necessária a autorização expressa de sua casa legislativa.
Mas como tem se tornado deprimentemente óbvio, para que um parlamento conceda tal autorização, é necessário que o sujeito seja no mínimo um genocida. Mensaleiros, ladrões, traficantes, falsificadores etc. têm contado com a cumplicidade de seus companheiros de mandato. Cabe ao eleitor negar-lhes essa saída fácil, recusando-lhes o voto. É esse o mote da campanha “Não vote em mensaleiro”, desencadeada esta semana pela Transparência Brasil. Salta à vista que, se o sujeito foi denunciado pelo Ministério Público por algum crime, não é saudável votar nele.
Não votar em mensaleiro (e gabiru, fênix, raposa etc.) não significa condenar a pessoa de antemão. Significa, ao contrário, deixar que a Justiça corra seu curso, para que se possa, afinal, decidir sobre sua culpabilidade. Se inocentes, então poderão depois se apresentar ao eleitorado. O que não é possível é usar-se o argumento da “inocência até prova em contrário” para justificar uma suspensão indefinida do julgamento. Observe-se que políticos que se apresentam em eleições procuram convencer o eleitorado de que são uns caras legais, que têm propostas edificantes etc. e tal.
Alguns recorrem a suas realizações legislativas (projetos de lei aprovados) ou executivas (obras e outras iniciativas) para demonstrar sua grandeza de propósitos. Nada a objetar quanto a isso. Mas também nada mais justo, então, que o eleitor também seja informado das folhas-corridas dos candidatos. Aqueles que têm uma história límpida poderão, assim, ser comparados com mais justeza com aqueles indivíduos, digamos, obscuros, que com eles concorrem.
É isso o que a Transparência Brasil está preparando para divulgação no final de julho, início de agosto: o histórico de candidatos que almejam a reeleição à Câmara dos Deputados; incluiremos também ex-ministros, ex-governadores, ex-senadores e ex-prefeitos de capitais que buscam mandato federal. O voto é o primeiro e último recurso que o eleitor tem para combater a invasão da política por aventureiros.
E, ao contrário do que querem nos impingir, negar o voto a essa gente não significa pré-julgamento. Julgamento acontece na Justiça. O que se deseja é exatamente que o julgamento seja tornado possível. Não votar em mensaleiro representa uma medida de autoproteção contra a prática parlamentar da cumplicade praticamente automática com indivíduos que são réus em processos criminais. Não vote em mensaleiro.
Claudio Weber Abramo é Diretor executivo da ONG Transparência Brasil.
http://www.transparencia.org.br
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