Pitacos do Zé


Aos que chegam

José Ronaldo Santos
Nesses dias passados tenho encontrado gente nova na cidade que vem me perguntar a respeito de fatos da nossa história. Querem se inteirar e interagir com o nosso lugar.  Acho muito bom! É conhecendo essa terra e a essa cultura local que a gente passa a gostar mais e a defender esse pedaço de chão tão especial por natureza.

Eu até sempre tenho um roteiro a apresentar, mas o ponto de partida, na minha preferência, é a vida dos  habitantes que aqui estavam no século XVI (por ocasião da chegada dos portugueses), ou seja, os indígenas da etnia Tupinambá.

Entre os diversos autores que teceram suas considerações a respeito desse importante grupo indígena, eu gosto do Benedito Prezia, cuja obra mais didática, em parceria com Eduardo Hoornaert,  tem o título de Esta terra tinha dono. 

Foi para lutar contra a escravização, no plantio de cana-de-açúcar, que os habitantes desse território se uniram na Confederação dos Tamoios, na primeira resistência organizada dos índios do continente americano.

Tamoio queria significar os mais antigos do lugar, aqueles que estavam aqui primeiro, que não aceitavam a forma de relação imposta pelos portugueses. Então, dessa união dos diferentes grupos indígenas, desde o planalto paulista até o litoral norte fluminense, começou a guerra que durou de 1562 a 1567. De acordo com Prezia, a doença por nome de varíola foi a grande aliada dos portugueses. Até o grande cacique Cunhambebe morreu nesse intervalo. Contribuiu ainda para a vitória lusitana: a expulsão dos franceses do Rio de Janeiro e a atuação dos padres Manoel da Nóbrega e José de Anchieta.

Hoje, vendo a atuação dos líderes religiosos nessa sociedade de conformismo, de alienação, eu penso nos tupinambás que logo se acalmaram com a fala do padre Anchieta. Acabar com o povo que amava a liberdade era o sentido da missão dos jesuítas?

Após as perseguições, os colonos portugueses implantaram o que se tornaria a Vila Nova da Exaltação da Santa Cruz do Salvador de Ubatuba, em 1637.

Ao se deparar com nomes, tais como: Avenida Iperoig, Rodovia dos Tamoios, Rua Cunhambebe, Travessa Koakira, Condomíno Paz de Iperoig etc., tenha a certeza de que esta cidade já fez parte do território livre dos tupinambás. Foram dizimados, mas deixaram seus traços na cultura caiçara. Hoje, as duas aldeias que existem (Corcovado e Prumirim), são da etnia guarani, que migraram da região sul, no final da década de 1970, na firme esperança de alcançar a Terra sem males. Quer teologia mais nobre que isso?

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Comentários

Anônimo disse…
Os Tupinambás expulsaram os Temimimós de suas terras.
Mas os temimimós foram vingados pelas tribos comandadas pelo Arariboia.
Os Tupinambas eram guerreiros e expansionistas,e perderam por invadir terras de outros indios.
Anônimo disse…
Os Tupinambás não aceitaram a forma de relação imposta pelos portugueses.
Eles aceitaram a forma de relação dos franceses.
Estabeleceram uma aliança politica e militar com os franceses.
E perderam....
Anônimo disse…
A variola foi a doença mais mortal da história.
Dizimou populações na Africa, na Asia e na Europa.
Devastou populações em civilizações como o Egito antigo, Grécia antiga e o Império Romano.
Os europeus não estavam imunes, a varíola matava centenas de milhares de europeus até o século 20.
Era a principal causa de morte na Europa.
Anônimo disse…
Os jesuitas tinham como objetivos a educação das pessoas e a evangelização dos povos.
Tinham como ferramentas as disciplinas do ensino clássico, com os métodos do trivium e do quadrivium:gramática,lógica,retórica,música,geometria,astronomia e aritmética.
No Brasil indígena começaram pela gramática.
Eles ensinavam esses assuntos na India,na China,no Japão,no Canada e na Europa.
No Brasil conseguiram desenvolver um pouco desses assuntos nas missões.
Uma pena que foram expulsos.
E é triste ver, que até hoje os jovens da terra de Cunhambebe, não dominam as artes que os jesuitas tiveram a ousadia de ensinar 500 anos atras....

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