Ubatuba

O fim da história 2

Sidney Borges
Leitores que me enviam e-mails perguntando por que não falo mais da política de Ubatuba. Vou explicar recorrendo à história. No final dos anos 80 e princípio dos 90 uma onda bem diferente da marolinha do Lula varreu os regimes socialistas do Leste europeu. Quem não se lembra das cenas do Muro de Berlim sendo derrubado? Derrubado pelas zelites e pela direita da Alemanha comunista? Há míopes eternos que dirão que sim. Uma grande maré capitalista tomou conta do mundo e isso não significou somente a explosão das propostas neoliberais nos terrenos econômico e político. A ideologia burguesa passou a ser a ordem vigente e logo cuidou da arregimentação dos corações e mentes em escala mundial. Consumir é preciso, viver não é preciso. Em fins de 1989 Francis Fukuyama escreveu um artigo intitulado "O fim da história" e, em 1992, 0 livro "O fim da história e o último homem", fazendo uma linha do tempo com abordagens indo de Platão a Nietzsche, passando por Kant e Hegel, cujo cerne era provar que o capitalismo e a democracia burguesa haviam triunfado sobre os sistemas e as ideologias concorrentes. Enfim, não há mais história disse Fukuyama.
Eu, modestamente, deixei de escrever sobre política local porque acredito que em Ubatuba aconteceu alguma coisa semelhante, ou seja, o fim da democracia. O que temos na cidade é um governo de maioria absoluta, Executivo e Legislativo estão de braços dados e podem, sem nenhum resquício de oposição, fazer o que lhes der na telha.
Espero que façam o melhor para a cidade e seus habitantes, mas se não fizerem nada acontecerá, pois dos 10 vereadores eleitos, 11 apoiam o prefeito e farão tudo o que o mestre mandar.
Assim sendo caros leitores, melhor calar pois em boca fechada não entra mosquito. A democracia morreu, então viva a democracia. Mas democracia sem oposição? Onde? Em Ubatuba, onde mais poderia ser?

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