Coluna da Segunda-feira

Falando para as paredes

Renato Nunes
Uma boa técnica para se prever situações futuras é considerar a realidade um processo em permanente transformação. Um dia é diferente do anterior, mas suas raízes estão ali, na véspera. A lógica do dia de hoje está no dia de ontem, e, é claro que a lógica do dia de amanhã estará no dia de hoje. Assim acontece com as semanas, com os meses, anos, séculos, enfim, na história. Ensina-se nas escolas que para entender os acontecimentos históricos buscam-se suas origens. Esse raciocínio vale para todas as áreas das manifestações no planeta. Sejam humanas, animais, vegetais, minerais, geológicas, tudo está em permanente transformação.


Entretanto, essa observação óbvia não trás novidade nenhuma, todos sabem que é assim, só que na prática não se presta muita atenção nisso. Principalmente na administração das cidades.

Naquelas privilegiadas pelo bom senso a previsão do crescimento e a organização física do espaço urbano chama-se planejamento. Assim, a qualidade de vida de amanhã depende da interpretação correta das forças vivas que atuam no município e promovem seu desenvolvimento. São forças econômicas, pressões imobiliárias, de produção industrial, de comércio e uma infinidade de fatores que se interagem, valendo sempre a lei do mais forte e a lei da vantagem. A moderação dessas pressões é o Planejamento. A população no seu sentido geral será sempre a vítima ou a beneficiária das ações ou omissões do planejamento.

Como se vê, compreender o significado e importância dessas forças é coisa para técnicos e especialistas. As ações determinadas pelo planejamento são viabilizadas, transformadas em lei e fiscalizadas pelos políticos. Esse é o papel das Câmaras Municipais e dos Prefeitos, legalmente previsto para garantir o crescimento e a qualidade de vida de suas respectivas cidades. Mas...

Sem esses cuidados o futuro das cidades é o caos. Esta temporada está mostrando que em Ubatuba já estamos no futuro!

Nos últimos trinta anos muito se falou em plano diretor e planejamento como se houvesse de fato alguma preocupação com o que poderia acontecer com a cidade. Os prefeitos e as sucessivas Câmaras apenas ouviam...

Hoje, as hordas ruidosas que tomaram conta das praças, ruas e praias consideram que este está sendo um verão legal. Será que é isso o que pensa o comércio, os restaurantes, a hotelaria, a arrecadação municipal? Se for, acho que o errado sou eu, preciso me reciclar ou mudar de ares. Ubatuba, ame-a ou deixe-a! Versão chumbrega da máxima desenvolvimentista dos tempos do Médici.

Deu no que deu, a Transamazônica abandonada, a Amazônia desmatada e uma dívida externa monumental. Com sobras para os dias de hoje tendo que ouvir o Delfim Neto, o czar da economia da ditadura que perseguia o metalúrgico Lula, afirmar que o único economista que presta no Brasil é o ex perseguido Lula da Silva.

Que valha a lição. Planejar o desenvolvimento seja do país, do Estado ou de um simples município como o nosso não é coisa para autoritarismos ou auto suficiências pessoais articuladas com interesses político eleitorais.

É exatamente o contrário disso.

Comentários

Anônimo disse…
Amigo Renato,muito pertinente sua matéria. Ressalto, que "a previsão do crescimento e a organização física do espaço urbano" da nossa cidade teria ainda que prever a recepção desta massa (incontrolável) de venanistas (que nesta época do ano octuplicam nossa população) repletos das mais inunsitadas "necessidades". Seria também oportuno a manifestação técnica dos ambientalistas sobre estas nossas realidades. Ronaldo Dias

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