Opinião

A desigualdade diminui

Editorial do Estadão
Graças ao crescimento econômico, à elevação do salário mínimo e aos programas de ajuda aos pobres, a distribuição de renda vem se tornando menos desigual nas seis maiores áreas metropolitanas do Brasil, segundo estudo recém-divulgado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). O trabalho, contido em oito páginas de tabelas, gráficos e textos explicativos, é mais uma confirmação da tendência apontada por estudos mais amplos e mais minuciosos publicados por vários pesquisadores nos últimos dois anos. A partir de 2003, os mais pobres tiveram aumentos de renda maiores que aqueles conseguidos pelos trabalhadores das faixas mais altas nas áreas metropolitanas de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre, Salvador e Recife, de acordo com o informe distribuído na última segunda-feira.
Mais importante que a redução da desigualdade, em termos práticos, foi a redução da pobreza durante esse período. Com mais dinheiro, milhões de pessoas puderam consumir mais produtos e ter acesso a melhores condições de vida. As tabelas e gráficos mencionam explicitamente o rendimento das pessoas em suas ocupações principais, mas os números incluem, segundo explicações fornecidas pelo presidente do Ipea, benefícios previdenciários e transferências de renda por meio de programas sociais.
O trabalho não especifica o peso de cada fator, mas não é muito difícil entender o quadro. Dois componentes políticos são evidentes: o aumento do salário mínimo e a ampliação das transferências por meio do Programa Bolsa-Família. Também os principais fatores econômicos parecem claros: a expansão da economia criou empregos, estimulou a formalização dos contratos e permitiu a elevação dos salários nas faixas inferiores.
A valorização real dos salários, no entanto, só foi possível graças ao freio imposto à inflação pela política monetária. Se o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tivesse ouvido alguns conselheiros e aceitado a idéia de "um pouco mais de inflação para um pouco mais de crescimento", o poder de compra dos pobres teria crescido bem menos, se tivesse chegado a crescer. São eles, em geral, os mais prejudicados quando ocorre uma elevação geral e continuada de preços.
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