Protóxido de hidrogênio

Água, por favor, um pouco d'água...

No deserto africano a água é escassa e sendo um bem fundamental à existência deve ser encontrada a qualquer custo, senão cessa a vida, restando apenas minerais sizudos e concisos. Quando os rios mergulham na terra durante a estiagem fica difícil encontrá-los, os nativos recorrem então a um estratagema original. Um buraco é cuidadosamente escavado no barranco de arenito. Enquanto o homem trabalha, macacos observam curiosos, não desconfiam que isso matou o gato. Além de curiosos, macacos são atrevidos e colocam a mão em cumbuca. O buraco é escavado com boca estreita e fundo largo, onde é depositada uma banana. Terminado o trabalho o homem se afasta, trocando de lugar com o macaco, isto é, passa a observar. Logo um enfia a mão e agarra a banana, ficando preso, ele não sabe que bastaria largar a fruta para se soltar, por isso macaco é macaco e não é gente, embora sejamos parecidos. Com o imbecil capturado, o homem abre o buraco e solta a mão do bicho, além de lhe dar uma apetitosa pedra de sal como recompensa pela burrice, enquanto o amarra em uma estaca. A guloseima é devorada a lambidas. Passadas algumas horas de sol na moleira, o bicho fica com sede. Muita sede. Solto, corre em busca de água, que instintivamente sabe onde encontrar. O homem o segue e assim encontra o precioso líquido que as multinacionais, o Bush, a direita e os neoliberais tucanos desperdiçam, pondo em risco a vida dos puros de coração e a existência das Ongs. Bingo. Em Miami tem um bar que serve asas de frango torradinhas, de graça, acompanhadas de molhos deliciosos, um mais picante e salgado do que o outro. A bebida é paga, uma latinha de coca-cola custa cinco dólares e um chopp oito. Macacos me mordam se eu for visto por lá. (Sidney Borges)

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