Coluna do Celsinho

Padrão Fifa

Celso de Almeida Jr.
Sempre gosto de rememorar passagens de nossa escola.
Refiro-me ao Colégio Dominique, onde trabalho há décadas.
Idealizada e dirigida pela Prô Aninha - mulher de muita fibra - a instituição superou e supera desafios extraordinários em sua trajetória.
Todos enfrentados com a certeza de que muito esforço é válido para garantir educação num ambiente em que crianças e jovens sintam-se valorizados, respeitados.
Participo disso e, com a ajuda de amigos, funcionários e pais de alunos, continuamos avançando.
Tive, entretanto, em muitas situações, que adotar posicionamentos ásperos para enfrentar barreiras diversificadas, incluindo as de certa graça.
Numa destas, repreendi uma professora que mobilizou estudantes para questionar a direção sobre a opção de pintar as paredes da escola com cal.
A reclamação se dava pelo inconveniente de marcar a roupa de quem, porventura, encostasse em alguma parte de parede onde a nata teve fixação ruim.
Nada que não saísse com algumas batidinhas.
O discurso juvenil agressivo, inflamado, manipulado, pressionava:
- Onde já se viu, escola particular pintada de cal?
- Que absurdo, economizar na tinta com uma mensalidade dessas?
- Este é o padrão da escola?
Minhas respostas nasciam das dificuldades enfrentadas no dia a dia:
- A questão não é ser particular ou pública. A questão é: o que o orçamento permite?
- Economizar na tinta aspira justamente evitar uma mensalidade mais elevada, minimizando a inadimplência.
- O preço da cal garante o branco constante, a limpeza contínua.
- Há zelo de todos em não rabiscar as paredes nem deixar marcas de sapatos?
Para a professora muito crítica, eu questionava:
- Um padrão simples, econômico, modesto, influencia no processo de aprendizagem?
Esta história me ocorreu após as notícias desta semana sobre os escândalos milionários da Fifa.
Lembrei-me das exigências deste organismo internacional quando dos preparativos de nossa Copa do Mundo, em 2014.
O rigoroso Padrão Fifa.
Modelo de um mundo plasticamente perfeito.
Tão ambicionado.
Tão desejado e caro.
Muito caro, por sinal.
Qual o preço deste mundo?
Quem paga por este mundo?
Com a palavra, o FBI...

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