Opinião

Acentua-se a dependência dos produtos básicos

O Estado de S.Paulo - Editorial Econômico
A exportação de produtos básicos atingiu US$ 7,3 bilhões, em fevereiro, superando as de manufaturados (US$ 6,6 bilhões), na mais recente prova da dependência crescente das commodities para sustentar o pequeno superávit comercial, de quase US$ 1,2 bilhão, no mês passado, e de US$ 1,6 bilhão, no bimestre. Quantitativamente, são resultados melhores do que os do mesmo período do ano passado - as exportações cresceram 26% pelo critério de média diária e as importações, 20,7% -, mas, qualitativamente, piores. E, a se confirmarem os temores do presidente do Fed, Ben Bernanke, de que a alta dos preços do petróleo poderá ameaçar a recuperação global, a dependência de produtos básicos será mais danosa ao País.

Em fevereiro, o Brasil exportou US$ 16,7 bilhões e foi beneficiado pelos aumentos das vendas de café em grão, óleo de soja em bruto, milho e trigo, cujas exportações cresceram entre 62% e 330% em relação a fevereiro de 2010. Mas um único item, o minério de ferro, propiciou receita de US$ 2,7 bilhões (16% do total das exportações). Ainda mais: como o valor do minério de ferro exportado aumentou 111%, essa diferença correspondeu a todo o superávit comercial de fevereiro. Ou seja, sem a alta de 11% das cotações do minério de ferro, a balança comercial teria sido negativa no mês passado.

O comércio exterior brasileiro também foi beneficiado pelas exportações de petróleo e derivados - só as receitas do petróleo bruto cresceram 27%, atingindo US$ 1,7 bilhão. Entre os manufaturados, destacaram-se máquinas e equipamentos para terraplanagem e perfuração, veículos de carga, aviões, motores, polímeros, autopeças e laminados planos.

Com reservas de US$ 309 bilhões e a perspectiva de que a queda do ritmo da economia ajude a desacelerar as importações, os problemas cambiais são de longo prazo. Mas nem por isso se deve achar natural a alta de 30,6% nas importações de bens de consumo, inclusive aparelhos de uso doméstico. Em setores como têxteis, brinquedos ou itens manufaturados de metal, o peso dos produtos nacionais é baixo na comparação com os chineses. Um aspecto positivo, apesar do impacto que causa na indústria local, é o crescimento das importações de bens de capital, que permitirá aumentar a oferta futura.

Ainda que o superávit comercial deste ano fique próximo dos US$ 20 bilhões, superando as expectativas, continua sendo indispensável fortalecer a infraestrutura e reduzir a carga de impostos para aumentar a competitividade dos produtos brasileiros.

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