Franco

Francisco Paulino Hermenegildo Teódulo Franco y Bahamonde

Caudillo de España, por la gracia de Dios

Sidney Borges
Francisco Franco comandou as tropas vencedoras da guerra civil e tornou-se ditador da Espanha, em 1938. Criou um regime forte, católico, direitista e perseguiu os opositores de forma inclemente, principalmente os comunistas. Apesar da pompa e circustância que cercava a corte espanhola, o caudilho foi vítima de um espertalhão que dizia ter uma fórmula para fabricar gasolina.

Quando acabou a guerra civil a Espanha estava literalmente na tanga. Havia fome, desemprego e muito ódio entre os remanescentes do conflito. Como a demanda era maior do que a oferta, falando em dialeto economês, a solução foi fazer racionamento. Em situações extremas aparecem soluções criativas e também oportunistas que vendem gato por lebre e, na maioria das vezes, não entregam.

Na Espanha, de repente, como se tivesse saído de um disco voador, surgiu um tipo bem falante, simpático que conseguiu enganar até o próprio caudilho. Um dos produtos escassos era a gasolina, vendida a peso de ouro no mercado negro. O recém chegado, Albert Elder von Filek, de origem austríaca, ofereceu seus modestos serviços de inventor. Ele sabia fazer gasolina. Ingredientes: água, extratos vegetais e um "bizu" secreto. 

A gasolina produzida pelo inventor era da melhor qualidade e deixava os motores das baratas dos poderosos tinindo como máquinas de costura. Além do mais o "bizu" impedia que a fórmula fosse copiada pelos inimigos da Espanha, ateus, maçons e comunistas, que fariam de tudo para evitar a prosperidade da "reserva moral do ocidente".

Franco acreditou na broma e entrou de gaiato no navio. Patrocinou a construção de uma fábrica de gasolina às margens do rio Jarama e pagou regiamente o pai do "bizu".

Durante algum tempo o caudilho acreditou que seus automóveis usavam a gasolina mágica de Filek. As coisas iam bem para o "inventor", tão bem que ele imaginou que ficariam bem para sempre e não deu no pé a tempo. Como sempre acontece, a casa acabou caindo, Filek foi preso e a vergonha que acometeu Franco e sua corte foi tão grande que nunca mais se falou no assunto.

O povo espanhol nunca ficou sabendo que aquele que dizia ter sido escolhido por Deus para salvar a pátria tinha caído no conto do vigário.

Em 1973 o franquismo estava mal das pernas, vítima de anacronismo radical. Franco imaginou uma forma de prolongar o regime e nomeou aquele que seria seu sucessor, almirante Carrero Blanco, novo presidente do governo.

Um dia do mês de novembro, Carrero Blanco, presidente desde junho, saiu da missa e quando estava no trajeto para o gabinete, voou. Como estava em estado de graça, sua alma subiu ao céu, enquanto seu corpo pemaneceu no carro que, impulsionado pela explosão de uma bomba, elevou-se vinte metros e ficou estacionado no telhado de um edifício.

Franco morreu no final de 1975 depois de longa agonia. Com ele morreu o franquismo. Não há sinais de saudades. 

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Mosca-dragão

Pegoava?

Jundu