Opinião

O superávit da conta petróleo

Editorial do Estadão
Em 2009, o Brasil exportou em petróleo e derivados US$ 15,3 bilhões e importou US$ 14,7 bilhões, com superávit de US$ 592 milhões, o primeiro na história, segundo a Agência Nacional do Petróleo (ANP). Chegou, enfim, acreditam analistas, o tempo da autossuficiência, proclamada há três anos pelo governo e desmentida pelos déficits de 2006, 2007 e 2008.

As exportações de petróleo bruto atingiram, em 2009, US$ 9,37 bilhões - um aumento de 22% em relação a 2008. E caíram, em volume, as importações de petróleo cru, de óleos combustíveis e lubrificantes, de querosene de aviação e de coque de petróleo. Por valor, apesar da recuperação das cotações, houve declínio em todos os itens importados da conta petróleo, que também inclui as naftas, o gás propano liquefeito e o gás butano liquefeito.

O superávit do ano passado foi ajudado pela recessão econômica. O consumo de gasolina, por exemplo, aumentou apenas 0,9% em relação ao ano anterior.

A tendência de 2009 repetiu-se em janeiro: as exportações de petróleo aumentaram, em volume, 13,6% em relação a dezembro e 27,5% em relação a janeiro de 2009. E a receita das exportações aumentou 9,8% em relação a dezembro, passando de US$ 1 bilhão. Cresceram ainda mais as exportações de óleos combustíveis (31%).

Pelos cálculos da Petrobrás, que não levam em conta as importações de gás natural, houve um superávit financeiro com o exterior de US$ 2,9 bilhões, no ano passado, com aumento de 4,8% dos volumes exportados de petróleo e derivados e diminuição de 23% dos derivados importados. Apenas no quarto trimestre o superávit estimado pela empresa atingiu US$ 1,1 bilhão. A estatal desconsidera, nos seus cálculos, as operações de compra de nafta pela indústria petroquímica e emprega metodologia diferente da ANP e de consultorias privadas para fazer as suas contas, por isto apresenta saldos positivos mais elevados.

Incluído o gás natural, a conta de petróleo e derivados continuou deficitária em US$ 3,3 bilhões, no ano passado, segundo as estimativas da RC Consultores, pois o Brasil importa da Bolívia o equivalente a cerca da metade do que consome.

Nesta década, avalia o especialista em energia Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura, o Brasil consolidará a autossuficiência em petróleo, com a entrada em operação dos campos do pré-sal. A autossuficiência é mais importante do que o simples aumento de exportações de petróleo, disse Pires em entrevista ao jornal Valor. Para o economista Fábio Silveira, da RC Consultores, a balança comercial do petróleo será superavitária, nos próximos anos, qualquer que seja a metodologia: "A lógica para mais adiante é o País ser superavitário, dadas as reservas descobertas e os investimentos anunciados.

"Em 2009, a produção média da Petrobrás no País e no exterior foi de 2,52 milhões de barris/dia equivalentes de petróleo e gás, 5,2% acima dos 2,40 milhões de barris de 2008. Mas ficou aquém da projetada pela empresa, nos últimos anos, devido, sobretudo, a atrasos na entrega de plataformas. A Agência Internacional de Energia (IEA) chegou a prever que a produção brasileira atingiria 2,75 milhões de barris/dia, em 2010. A estimativa da IEA foi reduzida para 2,71 milhões de barris, mas, ainda assim, o Brasil aumentará em cerca de mais de 200 mil barris/dia a produção de petróleo e gás em relação a 2009. Se a previsão se confirmar, o Brasil produzirá mais petróleo do que o Iraque, os Emirados Árabes Unidos e a Venezuela, países-membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep).
Leia mais

Twitter

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Mosca-dragão

Pegoava?

Jundu