Educação

A educação brasileira está mais para bolero do que para tango

Nelson Valente (*)
"A fórmula do sucesso eu ainda não sei; mas a do fracasso é contentar a todos".
Antes de começar a desenvolver tudo o que se refere a esse artigo, sinto-me tentado a citar a conhecida frase de Freud, quando se referiu às três profissões "impossíveis": analisar, educar e governar.

O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, têm razão ao afirmar que a educação brasileira é a "pior do mundo", e propõe mudanças radicais e possíveis ao sistema educacional brasileiro. Sabe-se que temos hoje 19 milhões de analfabetos, 20 milhões de semi-analfabetos e 40 milhões de analfabetos funcionais (são aqueles que aprenderam a ler e não lêem).
Entre as reformas preconizadas para o Brasil e a educação brasileira, seria originalíssimo pensar numa estratégia de marketing que valorizasse a vontade política do país, no sentido de dar à educação a precedência que lhe é devida. Só assim, viveríamos novos tempos de esperança, no setor que é fundamental para o nosso crescimento rápido e auto-sustentado.
Em nome de uma pedagogia - construtivismo - alfabetizamos nossas crianças, nossos jovens, nossos velhos com um modismo educacional em regime falimentar, pelo excesso do paradigma psicológico.
O Brasil não tem uma pedagogia. Tem várias, sobrepostas muitas vezes sem conexão umas com as outras. A história da pedagogia brasileira é uma espécie de colagem de modelos importados, que resulta em um quadro sem seqüência bem definida.Não existe uma pedagogia "pura", ou seja, sem influência de outras pedagogias ou do contexto social em que se desenvolve.
Última moda é o construtivismo, que nem é método pedagógico, mas sim um conjunto de teorias psicológicas sobre as estratégias utilizadas pelo ser humano para construir o seu conhecimento. Afinal de contas, o que é construtivismo? Mais do que uma pedagogia. É uma teoria psicológica que busca explicar como se modificam as estratégias de conhecimento do indivíduo no decorrer de sua vida. Surgiu a partir do trabalho do pesquisador suíço Jean Piaget (1896-1980), que mostrou que o ser humano é ativo na construção de seu conhecimento (daí o termo construtivismo) e não uma "massa disforme", a ser moldada pelo professor.
No Brasil essa teoria é também muito influenciada pela Argentina Emília Ferreiro (que estudou como a criança constrói o conhecimento da leitura e da escrita) e do russo L.S.Vygotsky (que ressalta a influência dos outros e da cultura no processo de construção do conhecimento). Essas teorias mais recentes costumam ser agrupadas sob a denominação Construtivismo Pós-piagetiano. Derruba a noção clássica do erro, pois demonstra que criança formula hipóteses sobre o objeto de conhecimento e vai "ajustar" essas hipóteses durante a aprendizagem - portanto o erro é inerente a esse processo. No Brasil, o termo é muitas vezes usado de forma incorreta.
De todas as atividades da sociedade, o magistério foi a que mais sofreu deteriorações. O professor foi vítima da falta de compreensão, por parte das autoridades governamentais, do papel que desempenha na sociedade. Ensinar quer dizer guiar, estimular e orientar o processo de aprendizagem. A transmissão do ensino não pode ser conformista e acomodada. Deve ser um esforço pessoal e técnico, competente no seu trabalho específico. O ensino deve despertar o interesse pelo conhecimento e estimular o impulso natural de aprender. (Do site Cláudio Humberto)
(*) Nelson Valente - é professor universitário, jornalista e escritor.

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