Pensata

Os dez mandamentos do populismo

Do historiador mexicano Enrique Krauze, publicado no Estado de SP

1 - O populismo exalta o líder carismático.

2 - O populista não só usa e abusa da palavra: ele se apropria dela. A palavra é o veículo específico de seu carisma. Fala com o povo de modo constante, incita suas paixões, "ilumina o caminho", e faz isso sem restrições nem intermediários.

3 - O populismo fabrica a verdade. O governo "popular" interpreta a voz do povo, eleva essa versão à condição de verdade oficial, e sonha com decretar a verdade única. Os populistas confundem a crítica com inimizade militante, por isso buscam desprestigiá-la, controlá-la, silenciá-la.

4 - O populista usa de modo discricionário os recursos públicos.

5 - O populista divide diretamente a riqueza. "Vocês têm o dever de pedir!", exclamava Evita a seus beneficiários. Criou-se assim uma idéia fictícia da realidade econômica e entronizou-se uma mentalidade assistencialista.

6 - O populista alimenta o ódio de classes.

7 - O populista mobiliza permanentemente os grupos sociais. "O povo" mas uma massa seletiva e vociferante que caracterizou outro clássico, Marx - não Karl, mas Groucho: "O poder para os que gritam".

8 - O populismo fustiga sistematicamente o "inimigo externo". Precisa desviar a atenção interna para o adversário de fora.

9 - O populismo despreza a ordem legal. Há na cultura política ibero-americana um apego atávico à "lei natural" e uma desconfiança das leis feitas pelo homem.

10 - O populismo mina, domina e, em último recurso, domestica ou cancela as instituições da democracia liberal. Ele abomina os limites a seu poder, considera-os aristocráticos, oligárquicos, contrários à "vontade popular". (Cesar Maia)

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