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"A chulice apropriada"

Editorial de O Estado de S.Paulo, hoje:
"Todo cuidado é pouco para não tomar ao pé da letra o que os políticos dizem. Ou porque muitos deles mantêm um relacionamento difícil com a verdade, ou porque o prazo de validade da maioria de suas declarações varia conforme as conveniências que as ditaram, ou ainda porque, na presença de câmaras e microfones, são possuídos por surtos de arrebatamento, que cessam tão logo se desligam os equipamentos. No entanto, vez por outra, quando a fala de um político retrata inquestionavelmente e sem rebuços uma realidade do momento, toda atenção há de lhe ser dada. É o que se aplica a uma das mais chocantes afirmações já ouvidas no plenário de uma casa legislativa federal brasileira - com a reveladora agravante de não ter sido rebatida por nenhum dos pares de quem a proferiu, o senador pernambucano Jarbas Vasconcelos, do PMDB.
Na sessão da quarta-feira, em aparte ao ex-presidente do Conselho de Ética Sibá Machado, que subira à tribuna para dar a sua versão da renúncia ao cargo, Vasconcelos disse que pedira o afastamento de Renan Calheiros da presidência do Senado “para não nos causar o constrangimento que causa hoje, presidindo a sessão em que o senhor explica as razões que o levaram a renunciar”. E pôs o dedo na ferida: “O Senado não pode ficar nessa perplexidade em que se encontra, sob pena de se desmoralizar. O que não pode é o Senado ficar sangrando e, mais do que isso, fedendo. Essa situação está ficando insustentável.” Nada poderia definir melhor a atmosfera em que vive hoje a Câmara Alta do que o termo chulo. Vasconcelos não é nenhum boquirroto ou irresponsável. Com 64 anos de idade e 37 de vida política, foi três vezes deputado, duas vezes prefeito e duas vezes governador - sempre pelo mesmo partido. É um dos poucos peemedebistas de nomeada que não aderiram ao governo Lula."

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