Opinião

Fazendo a América mais suja ainda

Clóvis Rossi
Donald Trump não precisa de relatórios confidenciais de quem quer que seja para ser criticado –e pelos mais diferentes motivos.

Basta reproduzir suas declarações. Às vezes nem é preciso comentá-las. Falam por si só –e falam mal, aliás.

Por isso, a mídia entra em terreno movediço ao dar curso a um suposto dossiê elaborado por um agente britânico de inteligência sobre a profundidade dos negócios de Trump com a Rússia e a oportunidade que eles teriam oferecido para que os serviços russos de inteligência levantassem informações supostamente comprometedoras.

Fica implícita a possibilidade de que os russos usem o dossiê contra Trump, já na Presidência, se ele se tornar inconveniente para Vladimir Putin.

O sítio BuzzFeed chegou ao extremo de publicar a íntegra do relatório, embora seu editor Ben Smith tuitasse: "Como apontamos em nossa história, há sérias razões para duvidar das alegações" [contidas no dossiê].

Meu Deus do céu, desde quando o jornalismo minimamente responsável vê razões para duvidar de algo e mesmo assim publica?

Acabaram-se os tempos em que o mandamento número 1 do jornalismo sério estava contido no "motto" do New York Times ("todas as notícias que estão em condições de serem publicadas").

Por torpe que seja Donald Trump, não é usando da mesma torpeza que se vai fazer oposição decente a ele e à sua maneira de enxergar a América e o mundo.

Mergulhar no pântano é, ao contrário, a melhor maneira de fazer a América mais suja ainda –e espalhar a lama pelo mundo, tal é a influência que têm os EUA e sua mídia.

Original aqui

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