Pitacos do Zé


Contribuições de Rubem Alves

Zé Ronaldo Santos
Há pouco tempo este pensador presbiteriano, mineiro e professor na Unicamp nos deixou. As suas obras, desde as primeiras a inaugurarem a Teologia da Libertação que tanto trabalho deu aos ditadores e suas crias, o imortalizaram. “Eu acho é pouco”! Hoje, em véspera de aprovarem medidas que detonam ainda mais o meio ambiente, a nossa “galinha dos ovos de ouro”, vale a pena recordá-lo, sabendo que ele está se referindo à mudanças ao mundo medieval, onde a burguesia assume o comando do mundo:

Perde a natureza a sua aura sagrada. Nem os céus proclamam a glória de Deus, como acreditava Kepler, nem a terra anuncia seu amor. Céu e terra não são poema de um Ser Supremo invisível. E é por isso que não existe nenhum interdito, nenhuma proibição, nenhum tabu a cercá-los. A natureza é nada mais que uma fonte de matérias-primas, entidade bruta, destituída de valor. O respeito pelo rio e pela fonte, que poderia impedir que eles viessem a ser poluídos, o respeito pela floresta, que poderia impedir que ela viesse a ser cortada, o respeito pelo ar e pelo mar, que exigiria que fossem preservados, não têm lugar no universo simbólico pela burguesia. Seu utilitarismo só conhece o lucro com padrão para a avaliação das coisas. Até mesmo as pessoas perdem seu valor religioso. No mundo medieval, por mais desvalorizada que fossem, seu valor era algo absoluto, pois lhes era conferido pelo próprio Deus. Agora alguém vale quanto ganha, enquanto ganha.

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