Coluna do Celsinho

Atropelamento

Celso de Almeida Jr.

Quem atua em escola compreenderá melhor o que estou dizendo.

Os últimos dias letivos são agitados.

Alunos preocupados com o fechamento das notas.

Professores, no limite da paciência, concluindo as atividades de recuperação.

Administração escolar às voltas com a renovação de matrículas, emissão de históricos, conferência e arquivo de documentos.

Eu, que integro há quase trinta anos o conselho gestor de duas instituições, o Colégio Dominique e o Instituto Salerno-Chieus, já acostumei com a pressão.

O saldo, no meu caso, foi uma especial coleção de cabelos brancos.

Experiência, porém, das mais gratificantes.

Conviver com tantas inteligências, variadas faixas etárias, temperamentos para todos os gostos, contribuiu muito para entender melhor as relações humanas.

E garantir belas lembranças.

Hoje pela manhã, uma professora esteve na escola para entregar suas notas.

Como não daria aulas, esteve acompanhada do filho e da filha, João e Maria.

O menininho, de pouco mais de um ano, já caminha, serelepe.

E, vez ou outra, escapava da secretaria, onde a mamãe registrava a papelada.

Numa hora, entrou em minha sala.

Flagrou uma conversa dos professores de matemática, Borges e Adriano, não entendendo nada, obviamente.

Num outro instante, apareceu no colo da Naline, aluna do último ano do ensino médio, formanda.

Aquela cena de uma aluna que se despede do colégio abraçada a uma criança que em breve iniciará a jornada escolar é simbólica.

Mostra que os esforços dos envolvidos em educação não tem fim e exige dedicação permanente.

Ainda pela manhã, um pouco mais tarde, com a cabeça ocupada por estes pensamentos quase poéticos, eu saia da sala dos professores. 

De repente, pimba!!!!

Nas nuvens, sem querer, atropelei o João, que continuava seu tour pela escola...

Tratei de pegá-lo no colo, procurando acudí-lo.

Tranquilão, me encarou como se nada tivesse acontecido.

Suspirei aliviado, afinal, poderia ter machucado um bebê.

Em educação, um pequenino descuido pode comprometer a melhor intenção.

Vamos em frente, João!

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