Coluna do Celsinho

Perseverar

Celso de Almeida Jr.

Vez ou outra entro num sebo.

Aquelas lojas de livros usados.

Noutro dia, buscava a encadernação dos fascículos de Os Cientistas.

Publicação da Editora Abril da década de 1970, esta série de kits de experimentos científicos marcou a minha juventude.

As caixinhas de isopor contendo vidros, balança, molas, substâncias químicas, microscópio fascinavam.

Na lembrança, se não me engano, os livretos biográficos que acompanhavam cada edição geraram três volumes encadernados.

São estes que procuro nas prateleiras.

Ainda não os encontrei.

Continuo buscando.

Numa destas tentativas, o dono do sebo puxou conversa.

Falou que queria encerrar as atividade e mandou de bate-pronto:

Quer comprar tudo? São vinte mil livros. Faço a dois reais cada um.

Eu olhei surpreso e expliquei que estava disposto a gastar no máximo cem reais com Os Cientistas encadernados.

Quarenta mil reais estavam bem distantes do meu orçamento.

Ele riu e disse que há alguns anos apresenta esta proposta aos clientes, sem sucesso.

Insistirá, porém, certo de que em algum momento encontrará o comprador.

Incentivei, lembrando do "água mole em pedra dura, tanto bate até que fura..."

Saí de lá pensando se faria a loucura de comprar tudo, caso tivesse o dinheiro.

Imaginei a cara do seu Júlio Madaraz, comandante da Biblioteca Hans Staden, do Colégio Dominique, recebendo os milhares de livros.

Eu não resisitiria em provocá-lo, perguntando se daria para classificar tudo em uma semana.

Não custa citar que o Júlio tem 84 anos e pilota a Hans Staden sozinho.

Conhecendo-o bem, sei que mandaria um palavrão em latim, para o meu divertimento.

Taí...

Já sei onde gastar parte do dinheiro, caso ganhe na loteria.

Só preciso começar a jogar.

Água mole em pedra dura, neste caso, apesar do alto risco, também se aplica.

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