Coluna do Celsinho

Atitude

Celso de Almeida Jr.
Fui informado que a base do litoral norte do Sinhores – Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares enviou ofício aos quatro prefeitos da região alertando para a necessidade de imediata vistoria em todo o comércio formal e informal.
Esta já tem sido uma postura do sindicato há muitos anos, mas tornou-se mais do que oportuna neste instante, após a terrível tragédia na boate Kiss, em Santa Maria, Rio Grande do Sul, com mais de duzentas mortes.
O Sinhores insiste que os comerciantes que cumprem todas as obrigações legais são extremamente prejudicados por aqueles que se mantêm na informalidade ou driblam a legislação.
E, somente quando tragédias ocorrem, a sociedade se mobiliza para exigir providências dos agentes públicos.
A estes fatos, somei uma experiência que tive no final de 2012, quando, em serviço, acompanhei as eleições internas do Partido Colorado, no Paraguai.
Nesta festa democrática, os filiados de todo o país escolheram os nomes daqueles que representariam o partido nas eleições paraguaias, previstas para o próximo mês de abril.
Conheci, naquela oportunidade, Enrique Riera, que de 2001 a 2006 foi Intendente de Assunção, capital do Paraguai, função equivalente a de prefeito de cidade.
Sua trajetória política era excepcional e seu nome, até julho de 2004, era tido como fortíssimo candidato a presidência do Paraguai.
Nestas últimas prévias coloradas sua expectativa era menor.
Aspirava uma vaga para disputar o senado.
Não obteve, porém, adesão suficiente dos filiados e, portanto, está fora da eleição de 2013.
Riera é um político sério, honesto, extremamente respeitado, mas não teve o aval do partido para disputar o senado.
Onde, afinal, falhou?
Sua trajetória política teve uma gigantesca pedra no caminho.
Em 1 de agosto de 2004, quando já exercia a Intendência de Assunção, ocorreu um terrível incêndio no supermercado Ycuá Bolaños, um complexo de três andares que incluía restaurantes, escritórios e uma garagem de estacionamento subterrâneo. Qua ndo o pânico tomou conta dos clientes, os donos e o gerente fecharam as portas do local, para evitar que as pessoas saíssem sem pagar. O fogo demorou sete horas para ser controlado e mais de 400 pessoas morreram.
Com muita franqueza, o prefeito Enrique Riera reconheceu que o local nunca havia sido vistoriado por suas equipes.
Amargou o repúdio dos familiares das vítimas e, como se vê, ainda hoje sofre os efeitos daquela tragédia, comprometendo fortemente sua carreira política, que até aquele terrível instante prometia ser brilhante.
Não custa, portanto, alertar a classe política para os riscos da omissão.
As implicações legais e para a própria carreira são fortíssimas.
Somadas a uma obrigatória postura pública exemplar, justificam superar fraquezas e romper com qualquer acordo político que ponha em risco a segurança e a vida dos cidadãos.

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