Portuguesa volta à série A
Dia de festa
Sidney Borges
Sábado foi um dia especial. No final da tarde dei alguns telefonemas e consegui reunir amigos de longa data para comemorar. A Lusa voltou à primeira divisão. Minha casa aos poucos foi se enchendo de gente, acomodei-os como pude, a maior parte na varanda, alguns no gramado do jardim. A noite estava estrelada, a temperatura agradável. Comprei algumas garrafas de vinho tinto, sardinhas, alheiras e armei a churrasqueira. Quase me esquecí do uísque, um convidado da maior importância só bebe uísque, ainda bem que lembrei-me a tempo de comprar um litro de "Cavalo Branco".
Primeiro chegou o Mesquita, em cujo salão aparei o bigode quando só havia onze fios de cada lado. O salão ficava ao lado das piscinas e foi lá que vi Otto Glória recém chegado de Portugal, onde dirigiu o Benfica e a Seleção Portuguesa. Depois de alguns anos na terra de Salazar, conservadora até a medula, Otto adquiriu hábitos da nobreza européia, com quem conviveu em sua casa do Estoril. No Canindé diziam que parecia um fidalgo. Perecia mesmo. Era um homem educado e gentil.
Enquanto acomodava o Mesquita, chegou Valdomiro Voltolino, o melhor dirigente de basquete que o Brasil já teve. Depois de dizer que estou superado fazendo este bloguinho, serviu-se de White Horse e começou a conversar com os técnicos Darci Gambini, Atanásio e Celso, que entraram pelo portão do lado e não os vi chegar.
Daí em diante não parou mais de chegar gente, Cunha pai e Cunha filho, João Grande, João Roupeiro, Itamar e Braz da natação, Nena, Ipojucan, Luiz Portes Monteiro, Bizarro da Nave, Izaul Ascenço e, por último, os craques do basquete, Aurélio, Vaguininho e Zé Santiago.
Demos muitas risadas lembrando do campeonato paulista de 1960 quando a Lusa bateu na trave e chegou em segundo quando tudo indicava (pelo menos no salão do Mesquita) que o título iria para a "Ilha da Madeira". Tempos memoráveis, estádio (de madeira) cheio, a brava torcida batendo os pés e incentivando o ponta Raul Klein: bai Raul, bai Raul, bai Raul... E o valente gaúcho Raul atendia ao chamado e corria como um touro solto nas planícies onde sopra o Minuano. Saudades.
Foi um festão, justa homenagem ao clube que mora em meu coração e grande oportunidade de rever amigos queridos. Valeu pessoal, obrigado pela presença. Quem sabe voltaremos a comemorar outro título. Que tal Libertadores? Pensar grande não faz mal a ninguém.
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