Brasil

Livros aprovados pelo MEC criticam FHC e elogiam Lula

Obras atacam privatizações feitas pelo tucano e minimizam o mensalão. Comissão formada por professores avalia os livros, que são usados por 97% das escolas da rede pública de ensino

Luiz Bandeira e Rodrigo Vizeu, Folha de S. Paulo
Livros didáticos aprovados pelo MEC (Ministério da Educação) para alunos do ensino fundamental trazem críticas ao governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e elogios à gestão de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Uma das exigências do MEC para aprovar os livros é que não haja doutrinação política nas obras utilizadas.

O livro "História e Vida Integrada", por exemplo, enumera problemas do governo FHC (1995-2002), como crise cambial e apagão, e traz críticas às privatizações.

Já o item "Tudo pela reeleição" cita denúncias de compra de votos no Congresso para a aprovação da emenda que permitiu a recondução do tucano à Presidência.

O fim da gestão FHC aparece no tópico "Um projeto não concluído", que lista dados negativos do governo tucano. Por fim, diz que "um aspecto pode ser levantado como positivo", citando melhorias na educação e a Lei de Responsabilidade Fiscal.

Já em relação ao governo Lula (2003-2010), o livro cita a "festa popular" da posse e diz que o petista "inovou no estilo de governar" ao criar o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social.

O escândalo do mensalão é citado ao lado de uma série de dados positivos.

Nota do Editor - Na União Soviética de Stalin, na Alemanha Nazista de Hitler, na Romênia de Ceaucescu, na Coréia do Norte de Kim Jong-II e em outros paraísos da liberdade a realidade sempre foi questionada. O que é a realidade? É aquilo que queremos que seja. Sidney Borges

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Comentários

Saulo Gil disse…
Pior do que isso é não querer ver a realidade. É um Brasil notoriamente diferente na comparação destas duas gestões e isso faz parte da história. Não haverá loiros de olhos azuis que seja capaz de reescrever nosso passado, sem citar o nordestino retirante que deu uma aula de gestão nos pseudo intelectuais.
Os tucanos serão lembrados exatamente pelo que foram. Tanto se falou do sucesso do combate à inflação e da "cópia do modelo econômico", MAS SERÁ QUE APÓS 17 ANOS esse problema viria à tona se tivesse sido totalmente solucionado na era FHC? A verdade é que no quesito competência não há comparação. E essa diferença faz parte da história brasileira. E é nossa obrigação repassá-la aos mais jovens, para que no futuro não optem por caçadores de marajás. Melhor, para que os jovens de hoje não cometam o mesmo erro dos paulistas de atualmente, em eleger uma gestão de 20 anos, que está fazendo São Paulo perder o posto de Estado mais importante do país. Acho que tais livros poderiam até citar obras como Rodoanel, duplicação da Tamoios, despoluição do Tietê. Afinal são intervenções Bilionárias que certamente não estarão concluídas na formatura desses mesmos jovens. Lembre-se tudo que se faz no presente marca o passado. Para a história do Brasil, FHCsempre será exatamente o que foi: um bom homem infectado pela incompetência administrativa comum dos tucanos. Não existe realmente parâmetro de comparação com Lula. Para não fugir do assunto, o PSDB deveria agradecer o MEC por se lembrar de pontos positivos em uma era que o Brasil prefere esquecer.
sidney borges disse…
Este comentário foi removido pelo autor.
sidney borges disse…
Palavras...
Carlos disse…
palavras são palavras, nada mais do que palavras (quem disse isso?). é duro ver que as proposições eleitorais e eleitoreiras dos dois últimos pleitos presidenciais continuam contaminando o debate, ou melhor, a análise clara da história recente deste país. expressões como "nordestino retirante", que teria dado "uma aula nos pseudo-intelectuais", "erro dos paulistas", traem essa contaminação. lamentável que saiam do teclado de pessoas que deveriam ajudar a esclarecer, não a prosseguir caluniando, depreciando e distorcendo. isso vai longe... uma legítima "herança maldita" dos governos PT. lamentável, repito. em muitos aspectos (sejam quem tenham sido os tucanos, sejam quem tenham sido os petistas).

Carlos
Carlos disse…
e mais: imperdoável o uso dos escolares do ensino fundamental (7 a 14 anos...) para doutrinação política e distorção. nunca antes na história deste país isso foi feito com tanta desfaçatez.

Carlos
Saulo Gil disse…
Caro Carlos, as palavras que saem do meu teclado para exercer minha profissão são diferentes daquelas que, apesar de saírem do mesmo teclado, opinam em publicações do Ubatuba Víbora. Não costumo nesse espaço misturar as coisas, até porque na minha atuação profissional não tenho espaço para o que chamamos de opinativo. Relato sempre buscando esclarecer os fatos. Aqui, me sinto a vontade como admirador do Sidney e do Víbora, para expor minha opinião, porém, não fugindo dos fatos. Se quer em resumo o que acho: Acho que não tem motivos para protestos sobre a publicação dos livros, justamente, porque ela relata os fatos. Qdo me refiro aos tucanos de São Paulo, de onde saiu FHC, Alckmin, Serra, etc.. falo de gestões tucanas que não estão fazendo jus ao potencial paulista, vide nosso Litoral Norte. Vi uma publicação na íntegra desses livros e eles não deixam de citar o combate à inflação na era FHC. E se “o projeto foi inacabado” é porque índices e fatos comprovam isso. Comprovam ainda mais a incompetência daqueles que os cercavam e das minhas críticas. É isso que peço que olhem. Em São Paulo, esse fanatismo elitista faz com que o meio formador de opinião (não só imprensa) dê as costas paras falhas que são cada vez mais gritantes. Como aceitar um governo de um mesmo partido em que um gestor (Covas) fala da duplicação da Tamoios na década de 90 e, depois de duas décadas seu pupilo, admite que não conseguirá terminar a obra (isso se ela começar). Um morador ubatubense se lembra de Mário Covas prometendo o saneamento do Perequê Açu. O bairro depois de 15 anos está em obras e sem a rede em funcionamento. Ora, Carlos, os tucanos paulistas parecem intocáveis, assim como a doutrina religiosa está para o debate social. Paremos de vislumbrar virtudes maximizadas no córtex pré frontal e o utilizemos para refletir sobre os fatos e defeitos. Resumindo: Antes de reclamar sobre as críticas. Faça uma auto análise. Quase sempre elas são construtivas e não caluniosas, depreciativas, ou distorcidas, apenas, factuais.
Carlos disse…
É o que eu disse ou não é? Contaminação... Saulo, meu protesto é pelas adjetivações dos textos, que remetem a métodos inaugurados na Moscou dos anos 20, e depois aperfeiçoados pelo mundo afora. Você, como jornalista, deveria conhecer a implícita rejeição que adjetivos exagerados - ops, mal empregados - provocam em leitores mais habituados a ler. Nem FHC (ou o PSDB) demonizado, nem LILS (ou o PT) santificado, meu amigo! Muito menos a pupila, DVR. Que, aliás, está colhendo os frutos da competência petista dos últimos 8 anos.

Calma. Usar as crianças é demais. Leitura (análise) histórica é um terreno especialmente delicado da Educação. Exige isenção - que não transparece nos exemplos pinçados dos livros mencionados.

Se D. Pedro estava-se limpando ou não quando recebeu as mensagens portuguesas, em que isso contribui para o desenvolvimento da capacidade crítica das crianças? Crianças, Saulo? Se FHC errou, se JSQ erro, se JKO errou, se o Marechal Floriano errou, em que isso contribui para a educação das crianças? Isso não pode ser colocado em debate (e debate pressupõe ao menos dois lados) um pouco mais tarde, quando as coisas puderem ser melhor entendidas? No nível médio,por exemplo? Ou não, é melhor colocar algumas idéias já na cabecinha delas desde cedo?

Lamento, não consigo concordar com você. Não por causa de partidos, deixo bem claro. Por causa de métodos.

Carlos
Saulo Gil disse…
Nunca aprovei partidos, mas é a regra do jogo democrático ocidental e o Hussein morreu por isso. Veja caro Carlos, existe grande diferença entre os erros dos antecessores de FHC e os cometidos por ele estarem ou não inseridos nos livros de atualmente. Isso é uma singela opinião de um cidadão que só pode citar como fonte conhecimento as entrevistas com ditos educadores: Uma vez, uma conhecida minha de colégio me pediu ajuda em um trabalho escolar para repsonder quais eram os reflexos da Ditadura no Brasil na sociedade de hoje. Eu disse que se fosse eu responderia: nenhum. É claro que é uma posição exagerada, porém, a meu ver, após a globalização e a aceleração exorbitante na comunicação homosapien no planeta, o Brasil está (como talvez sempre esteve) dependente de um sistema ocidental geral, com relação aos aspectos político-social e econômico. Posto isso, e essa transformação diária atual baseada em um sistema neo, ou dizem até neoliberal (e não consideram o Keynesianismo financeiro do presidente do mundo, Osama, ou melhor, Obama), obriga que só teremos cultura, ou consciência social, quando a contemporaneidade ser tema central de qualquer matéria em qualquer ano letivo. História então nem se fale. Deveria ser uma exaustão de Diretas Já até Lula. Não estou pedindo para ignorar o passado. Estou pedindo para que jovens brasileiros de 17 anos entendam as notícias do Jornal Nacional e sejam capazes de olhá-las com olhar crítico. Sem medo de errar arrisco que são raros os ATUALMENTE. Enfim, o que quero dizer é que pode sim haver erros pontuais nos capítulos dos livros para ensino fundamental. Mas acho imprescindível que nossa história atual esteja presente nas salas de aula. Ainda digo mais, discordo que seja apenas um capítulo pontual. Gostaria de ver livros de história trazendo notícias, números, fatos. Aulas de matemática ensinando, ou dando exemplos de como se calcula taxa de juros, inflação, PIB, Balança Comercial, etc. Teria espaço até para um texto argumentativo de cada presidente. Pronto! FHC teria sua defesa. Mas não. Os homosapiens conservadores pelas ilusões do consumismo impedem reformas filosóficas, ideológicas, culturais, tão necessárias em um mundo de transformações rápidas. Que bom que em um país que tem uma sociedade que finge não querer saber o que são 400 anos de escravidão, pode agora ter informações sobre aqueles que gerem a vida democrática da cidadania brasileira de atualmente. E sobre tais informações, repito, pode haver erros pontuais, mas não há o que reclamar sobre o contexto.
Saulo Gil disse…
Sobre a suposta precocidade do assunto, só argumentando minha discordância. Meninos de 12 anos estão tendo aulas aprimoradas de sexo, maldade fictícia e religião na TV. Aulas aprimoradas de história contemporânea acho que não fará mal nenhum na escola.
José Marques disse…
Acredito que o cerne da questão é que um livro de história que se proponha didático, deve, apenas e simplesmente, relatar os fatos. A discussão sobre a qualidade dos atos praticados ao correr da história e de seus personagens deve ser deixada a cargo dos alunos, com a devida interveniência do(a) professor(a). Caso contrário, estará sendo cometida a pior falha em um sistema educacional: impedir que os alunos se tornem cabeças pensantes!

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