Coluna do Celsinho

Mamãe e Papai

Celso de Almeida Jr.
A vida, curtinha, sempre reserva experiências que não escapam da memória.

Uma que marcou bastante foi assistir a negociação entre a minha mãe com a diretora da escola onde eu iniciei meus estudos, na capital paulista.

As mensalidades escolares atrasadas poderiam inviabilizar a minha continuidade naquele colégio.

Foi a generosidade da Irmã Paxis, rígida comandante daquele instituto católico, que garantiu a minha permanência.

Aquela cena sempre retorna quando alguma mãe ou pai de nossa escola enfrenta uma situação de crise e vem buscar ajuda.

Nesta hora crítica, sempre é bom lembrar que dificuldades podem atingir a qualquer um e não se deve duvidar da idoneidade de alguém pelos problemas financeiros que enfrenta.

A iniciativa de minha mãe e a compreensão daquela diretora permitiu uma base extraordinária, garantindo uma transição suave quando fiz a estréia no inesquecível Sesi nº15, que funcionou bem ali na esquina da Conceição com a Rio Grande do Sul.

Meu pai, corajoso, construiu a sua oficina mecânica no final da rua Cunhambebe. Recordo-me de lhe passar os pregos e o martelo para a montagem do galpão, feito somente por ele, sob a supervisão de meu olhar infantil admirado. Sem dúvida, outra cena muito distante que me acompanhará sempre.

Assim, com as próprias dificuldades domésticas, não necessitei estudar biografias famosas para encontrar inspiração na superação de obstáculos.

Aprendi no cotidiano, com o exemplo de pessoas próximas, que o trabalho persistente, o estudo e o pleno exercício da cidadania são os ingredientes para a construção de uma vida digna.

Certamente estas rápidas lembranças, com os devidos ajustes, são comuns na história de todos.

Creio que tais ensinamentos cotidianos e as experiências acumuladas valem passar adiante, aos filhos, amigos e, no meu caso, a quem resolva dedicar atenção a algumas linhas.

Ao escrever não aspiro ser um conselheiro ou um santo que oficia. Quero, apenas, compartilhar uma visão de mundo e, quem sabe, contribuir um pouquinho para a libertação de pensamentos reféns de situações ou de pessoas pouco escrupulosas; estas sim, especialistas em atropelar valores fundamentais; desconhecedoras do real significado da palavra família.

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