Reflexões de outono

Eu e o átomo primordial

Volto à questão básica, aliás a única que faz sentido. O que sou, como vim parar aqui e para onde irei quando bater as botas? Sendo um corpo constituído de partículas indestrutíveis que se combinam de formas diferentes, imagino que algum elétron que hoje habita a minha orelha esquerda fez parte das pernas de Cid Charisse, ou quem sabe do nariz de Al Capone, tudo é possível. A matéria do Universo aí está, a mesma de sempre, ora matéria, ora energia, mas como não há nada além dos limites da frente de onda que se expande desde o Big-bang, é certo supor que estivemos um dia comprimidos qual sardinha em lata. Ufa, nem quero me lembrar, isto é nem que eu tente consigo, mas é certo que no instante da "explosão" as partes do meu corpo assistiram a tudo, estavam lá, não sei se na geral ou nas numeradas, mas são testemunhas do evento. Todas as partes, inclusive aquelas cujos nomes não são de bom-tom publicar. Ora há também uma certeza além dos impostos e da morte, em existindo a probabilidade de um evento ocorrer, ele ocorrerá. Com base nisso ouso afirmar que um dia as partículas elementares de meu corpo de hoje estarão organizadas novamente para formar o mesmo indivíduo, o que prova que sou imortal. O termo não é bem esse, na verdade sou mais uma espécie de pisca-pisca cósmico, ora estou, ora não estou. A explicação é simples, um dia todos os que estão vivos morrem, se desmantelam em função de excessos de sexo, drogas e rock and roll, ou de tédio. Tempos depois o acaso junta as pecinhas e começa tudo novamente. Alguém monta o quebra-cabeças, suponho que sejam os deuses, é isso o que parecemos ser, passatempo dos deuses, ora não estou sendo original, os gregos já diziam isso há quatro mil anos. De volta ao planeta, mais sexo, drogas e rock and roll, ou mais tédio, varia de indivíduo para indivíduo, até o novo desmantelo. Na próxima vez vou dar um jeito de fazer algumas modificações, aumentar certas partes, diminuir outras, se bem que tudo será transitório como é agora. (Sidney Borges)

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