Utopia capitalista

Fordlândia

A Ruína de um complexo industrial moderno no coração da Amazônia

Esta fotografia de homens sem camisa, cercados por longas folhas da fauna da selva e uma cabana de palha para trás foi capturado em uma remota região da Amazônia brasileira. O ano era 1934 e estes eram homens da utopia de Henry Ford. Seis anos antes o industrial americano lançou uma grande operação com a finalidade de libertar-se do estrangulamento dos importadores asiáticos de borracha. A falta do produto afetou a ele e a sua indústria. Ford escolheu um local às margens do rio Tapajós, contratou uma grande força de trabalho e arrasou vastas extensões de floresta para iniciar uma plantação de borracha. Mas os sonhos da Ford eram maiores. Ele queria construir uma comunidade utópica para servir como experiência nos negócios e na civilização. Infelizmente Ford foi apenas um homem de negócios. No momento em que a fotografia foi tirada, o sonho estava quebrando.


Foto: Greg Grandin

Henry Ford tinha idéias rígidas de como a sua utopia deveria ser. Sendo americano por excelência, isso significava comer comida americana, viver em casas de estilo americano, participar de sessões de poesia e engajar-se em danças onde apenas canções em Inglês eram permitidas. Ele começou a impor essas ideias importadas de alimentos e estilo de vida sobre a população que trabalhava lá - coisas a que eles não estavam acostumados. O mais irritante de suas regras foi a proibição de álcool, tabaco e até mesmo mulheres e famílias. Negados desses prazeres simples, os forlandianos fugiam para um assentamento próximo que eles chamavam de 'Ilha da Inocência ", onde havia boates, bares e bordéis.

Como muitas vezes acontece na história, os sinais de um desastre iminente são semeados de arrogância. Ford não gostou dos palpites de especialistas e o que se seguiu foi um ir em frente com projetos e execução sem quaisquer considerações científicas e, finalmente, de negócios reais. As plantas murchavam atacadas pela ferrugem e outras doenças. Incomodado pela cultura local Ford reprimia os trabalhadores que se rebelaram, culminando em uma revolta que teve de ser sufocada com a ajuda do exército brasileiro, em 1930. O desastre resultante da falta de bom senso que foi o projeto Fordlândia é hoje uma paisagem abandonada, cheia de boas intenções, mas na prática um inútil desperdício de energia e recursos humanos, naturais e financeiros. A aventura viria a custar ao neto de Ford, Henry Ford II, um prejuízo de 20 milhões de dólares, em 1945, quando da venda ao governo brasileiro.

Construída com a intenção de que fosse durar, Fordlândia foi equipada com comodidades de uma moderna cidade americana, incluindo campo de golfe, hospital com todos os recursos disponíveis, uma grande casa de força e um hotel. Hoje é possível visitar as ruínas que ainda estão de pé, verdadeiros monumentos ao fracasso e que são esteticamente atraentes para fotógrafos contemporâneos.


Imagem aérea da Fordlândia em 1934. Foto: theoldmotor.com

Avenida Riverside, Fordlândia, perto do rio Tapajós. Foto: Greg Grandin

Mudas de seringueiras no viveiro, em 1935. Foto: theoldmotor.com

Fordlândia em 2009. Foto: Guido D'Elia Otero / Flickr

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