Coluna do Celsinho

Luz

Celso de Almeida Jr.
O Eduardo Antonio de Souza Netto partiu há uma semana.

Quando a notícia me alcançou, veio à tona uma inesquecível passagem que tivemos.

Em 1997 eu saía de uma tremenda trombada política que acabou atingindo nossa escola.

Ironia do destino, a sinalização de auxílio veio justamente de um outro grupo político que, em campanha eleitoral de 1996, tanto combati.

O interlocutor deste, Eduardo de Souza Netto, costurou um possível socorro em dinheiro, nos moldes de investimento.

Eu redigi uma carta de intenções aos financiadores, apresentando uma saída engenhosa que, na prática, em alguns anos, representaria a transferência para eles da empresa mantenedora da nossa instituição de ensino.

Os desdobramentos?

Uma das mais belas conversas de minha vida...

Eduardo de Souza abriu o diálogo dizendo que eles não se interessaram pelo negócio.

Certamente, percebeu naquele instante o meu olhar sem rumo, já que eu estava numa situação limite, dificílima e inédita em minha vida profissional.

Em seguida, muito calmo, comentou cada linha de minha carta e sugeriu que aquela seria uma decisão precipitada, equivocada.

Disse que eu deveria enfrentar os obstáculos com minha família, suportando o fardo, sem perder o controle e a direção da instituição.

Eu sabia que a escola era a materialização do sonho de minha mãe, fruto de um magnífico esforço coletivo.

Mas, só naquele momento, compreendi a profundidade das palavras do Eduardo.

Não combinava com alguém ligado a educação - ferramenta libertadora - ficar refém daquelas circunstâncias.

A partir daí, buscamos do infinito a energia para enfrentar tamanha tormenta.

E, por estes mistérios da vida, superamos aquela fase crítica, ocasião em que citei ao Eduardo a importância daquele diálogo que tanto me confortou.

É isso, querida leitora, prezado leitor.

Muitas vezes, um gesto de generosidade, uma palavra amiga, uma voz despertadora, revelam a luz do bom caminho, mostrando que nem todas as soluções dependem de dinheiro.

Assim, em singela homenagem à memória do saudoso Eduardo Antonio de Souza Netto, torno pública esta história e a frase que felizmente pude lhe dizer em vida:

Muito obrigado!

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