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Hungria

Anne Applebaum-New York Times – UOL, 29
Nos últimos meses, a Hungria deu à Europa outro exemplo de quão frágil pode ser a democracia. Nesta semana, estou escrevendo sobre o resultado das eleições na Hungria. A Hungria é membro da Otan e da União Europeia, um país com partidos políticos ativos e um histórico de 20 anos de eleições livres. Em todos os sentidos que de fato importam, a transição da Hungria do comunismo para a democracia tem sido um sucesso absoluto.

Contudo, nos últimos meses, a Hungria deu à Europa outro exemplo de quão frágil pode ser a democracia– mesmo em um lugar onde ela funciona. A Hungria agora está amaldiçoada com um líder que é popular demais e que tem uma maioria ampla demais – e pode mudar as leis para se manter no poder sem nenhuma violência. De fato, quando os autores da Constituição dos Estados Unidos se preocuparam com a “tirania da maioria”, eles poderiam ter em mente Viktor Orbán, o primeiro-ministro húngaro.

Seu partido o Fidesz, controla dois terços do parlamento húngaro. Mas a vitória não era suficiente para Orbán, que usou seus anos fora do poder para tramar sua vingança contra os jornalistas que não o apoiavam, contra formadores de opinião que não votaram nele. Desde que assumiu a função há menos de um ano, ele nomeou um conselho para reescrever a Constituição, privou de fundos o órgão de auditoria nacional, e tirou poderes da Suprema Corte.

Mais recentemente, seu parlamento aprovou um conjunto de leis que controlam a mídia: um conselho de mídia novo, dirigido pelo Estado, composto inteiramente de aliados de Fidesz, agora tem o direito de impor multas de até US$ 1 milhão para um jornalismo que ele considere “desequilibrado”, seja lá o que isso signifique. O conselho também tem a tarefa de proteger a “dignidade humana”, seja lá o que isso signifique. A lei parece procurar controlar não somente a mídia húngara, mas também a mídia disponível aos húngaros na internet ou em qualquer outro lugar.

O verdadeiro problema do governo é seu desprezo irrestrito pela “elite liberal” e sua “mídia dominante”. Esse problema não é só da Hungria. Imagino que muitos políticos americanos adorariam punir jornalistas “desequilibrados” que se opusessem à “dignidade humana”. Mas Orbán deveria saber. Os instintos de querer controlar o que as pessoas devem ouvir, de monitorar o que elas escrevem – esses são instintos da velha esquerda nessa parte do mundo, não da nova direita. (Do Ex-Blog do Cesar Maia)

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