Coluna do Rui Grilo

Por que Viçosa e não Ubatuba?

Rui Grilo
É com muita esperança e satisfação que vejo a juventude de Ubatuba se organizar e buscar a adesão dos demais através do Movimento Pró-Universidade Pública de Ubatuba.

Muitos poderão pensar que é só um sonho de jovens que dificilmente será realizado e que Ubatuba, pelo tamanho de sua população, não comporta esse tipo de reivindicação. Mas isso não é impedimento suficiente como veremos abaixo.

Viçosa é uma cidade de Minas que tem 74.000 habitantes, portanto, um pouco menor que Ubatuba no que se refere à população. Tornou-se uma referência nacional e, quem sabe até mundial,devido à presença da Universidade Federal de Viçosa, com mais de dez mil alunos e que desenvolve trabalho de pesquisas agropecuárias e de apoio aos produtores rurais. É frequentemente citada no programa Globo Rural. Seu IDH é de 0,855, considerado elevado, enquanto o de Ubatuba é de 0,795, considerado médio.

Cambridge, em Massachusetts é um pouco maior, com 101.000 habitantes. É um município que estava em decadência e se tornou referência mundial devido à presença da Universidade de Harvard e do MIT – Instituto de Tecnologia de Massachusetts, concentrando em seu território o maior número de prêmios Nobel (cerca de 80 a 90).

É evidente que a instalação de uma universidade ou de um grande centro de pesquisa não traz benefícios apenas aos alunos que nela estudam, pois contribui para a circulação da economia e de novas demandas de mão de obra, de infraestrutura e de recursos socioculturais. São necessárias novas moradias, transportes, serviços bancários, maior variedade de comércio, equipamentos de saúde e de lazer.

O maior impedimento a essa conquista é a disputa com outros municípios que também lutam por esse mesmo objetivo.

Por isso é necessário ter clareza dos recursos de que dispomos e as necessidades do mercado no que se refere à absorção dos novos formados.

Cada vez mais se levantam argumentos a favor do maior consumo de peixes e redução de carne bovina, tanto pelos benefícios à saúde que a carne de peixe oferece, quanto ao fato da bovinocultura aumentar a produção de metano, exigir grandes espaços e grandes quantidades de água, ameaçando as florestas e a produção de alimentos vegetais.

Ubatuba tem uma vasta área costeira que poderia ser melhor aproveitada para a maricultura, aumentando a produção de peixes, frutos do mar e algas. A instalação de institutos de formação de tecnólogos e de pesquisadores na área marinha muito poderia contribuir para a região para a criação de empregos e para a manutenção do equilíbrio da fauna aquática e do ecossistema.

O mar e as florestas relativamente preservados, longe de ser um empecilho à sobrevivência da população local, poderiam se transformar num fator de desenvolvimento do turismo, comércio e serviços, com a formação e qualificação de mão de obra e de pesquisas que indiquem o aproveitamento e o melhor uso desses recursos.

Para atender o atual nível de desenvolvimento, há uma escassez e urgência na formação de mão de obra qualificada.Para isso, o PDE – Plano de Desenvolvimento da Educação – tem como meta a construção e a instalação de mais de 200 Institutos Federais, espalhados por todo o Brasil, devendo cada um deles estar voltado às necessidades e características locais.

Ubatuba já possui uma série de instituições que estão desarticuladas, mas que, através de acordo e parceria, poderiam contribuir como bases de apoio para estágio e formação: o Horto Florestal, o Instituto de Pesca, a APTA ( Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios) , o Instituto Oceanográfico, o Tamar, o Aquário, a CATI (Coordenadoria de Assistência Técnica Integral), os Parques Estaduais da Serra do Mar e da Ilha Anchieta.

Não podemos nos fechar no pedido de uma UNIFESP – Universidade Federal de São Paulo. Devemos explorar todas as possibilidades, entre as quais um campus da USP ou da UNESP.

Neste final de semana recebi um assessor do ex-prefeito de Araraquara que relatou o empenho do prefeito em mobilizar todas as forças da cidade para a elaboração de um projeto que sensibilizasse o governo federal, apesar da desclassificação na primeira leva. Essa mobilização é que tornou possível a instalação de um Instituto Federal de São Paulo voltado para a tecnologia da informação.

Não podemos deixar que o sonho morra. É necessário que o sonho se transforme em energia e ação, que una os cidadãos de Ubatuba em torno de um ideal que viabilize melhores condições de vida para todos.


Rui Grilo
ragrilo@terra.com.br

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Comentários

Ednelson Prado disse…
Muito interessantes as colocações feitasd nesse post. Concordo com a colocação de que há possibilidades que precisam ser exploradas em Ubatuba e uma universidade pública seria mais que viável. Porém, ara isso seria necessária a união das forças como foi colocado e mais vontade política. Mas não vejo sinais que apontem para isso. Infelizmente, os políticos de Ubatuba não estão preocupados com educação, se preocupam, em grande maioria, apenas com nteresses particlares. Enqutnao isso, nossos jovens continuam partindo em busca de melhores oportunidades. É uma pena, com a união de força e vontade política, poderíamos, sim, sonhar com a universidade pública.

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