Ubatuba

Foto: "O Guaruçá"

Campanha digna de elogios

Sidney Borges
Da união do poder Executivo com a Associação Comercial de Ubatuba, que representa o pujante empresariado da cidade, nasceu uma campanha que deve ser elogiada.

Som alto resulta em aumento da pressão arterial, da taxa de glicose, provoca stress, insônia e danifica os tímpanos. Embora a faixa da foto seja específica, a ocorrência de decibéis excessivos não se resume aos carros dos visitantes.

Dou exemplos.

Ontem, no Bairro da Ressaca, por volta da meia-noite, alguém resolveu soltar bombas. Das grandes. Que fazem tremer o estômago e atazanam a vida de cães, gatos, gambás, passarinhos em geral e acordam contribuintes. Eu tinha acabado de dormir. Pulei da cama sobressaltado, meu cão tentava derrubar a porta do quarto. Pobre Brasil, vítima da estupidez humana.

Com o sono perdido liguei o computador e fiquei jogando paciência. A noite estava calma e tranquila como devem ser as noites de uma cidade turistica.

Claro que há lugares onde baladeiros fervem e o nível sonoro situa-se acima do recomendado pela OMS. Mas são estabelecimentos dotados de isolamento acústico, com alvará de funcionamento. Se há uma coisa séria em Ubatuba é a fiscalização.

Na minha opinião cada um tem o direito de tratar os tímpanos como quiser, desde que respeite os direitos do próximo. Como é difícil entronizar conceitos fundamentais de cidadania em cabeças não civilizadas!

Cansado, voltei para a cama e alguns instantes depois, feliz e altaneiro caminhava, sem tocar o chão, pelos domínios de Morfeu. Foi quando a coisa aconteceu!

Cruz credo!

O relógio marcava 3h30 da madrugada quando um som horroroso, vindo das profundezas do inferno, invadiu meu quarto. Saltei de banda com os cabelos em pé e os olhos esbugalhados. Tentei colocar algodão nos ouvidos, não adiantou, o bate-estacas de Belzebú continuou martelando. Rezei duas salve rainha e um padre nosso. Também não adiantou. Vade retro gritei. Em vão.

Resignado fui fazer chá e esperar uma trégua. A tortura ainda durou 20 minutos. Voltei para a cama. O relógio marcava 4h10 da manhã de domingo.

A propósito, o som dos infernos veio do centro da cidade, da região do aeroporto. Espero que os autores tenham sido multados.

A campanha da prefeitura é digna de elogios.

Comentários

Anônimo disse…
Sidney,
"Se há uma coisa séria em Ubatuba é a fiscalização."
Fina ironia, claro.
"Espero que os autores tenham sido multados."
Pelo jeito que andam as coisas, continue esperando.
Quanto aos sem noção, um renitente foguetório aqui perto rendeu uma reunião extraordinária de condomínio, para acabar com a palhaçada dos turistas que alugam apartamentos no predinho. Algo, felizente, está acontecendo. Aos poucos, a percepção da importância de poupar tímpanos alheios, humanos ou animais, parece que começa a se impor.

Abraço

Elcio Machado
Marcos Leopoldo Guerra disse…
Interessante como uma mesma foto possa gerar opiniões totalmente divergentes. Pessoalmente considero bastante oportuna e digna de elogio a iniciativa da ACIU e da Prefeitura.

No que se refere a existência ou não da fiscalização, creio que seja um outro problema que deve ser discutido separadamente. Se a falta de fiscalização fosse fator impeditivo da colocação de placas, deveríamos arrancar todas as placas, em todo o mundo, indicativas de proibido estacionar, limites de velocidade e outras.

Na realidade acredito que seja obrigação do poder público "lembrar" aos mais desatentos, algumas das regras básicas de educação e respeito. Do mesmo modo tais placas lembram os que possuem obrigação de fiscalizar.

Mesmo que não haja fiscalização, se ao menos uma pessoa se conscientizar da necessidade de respeitar o direito alheio, a campanha já produziu um efeito.

Como passo seguinte, devemos ter os demais cidadãos conscientes da necessidade de denunciar o não cumprimento dessa ou de outras Leis. O dever de fiscalizar não se restringe aos que deveriam fazê-lo por obrigação funcional. Cada cidadão é um fiscal da sociedade. O fato de as denúncias surtirem ou não efeito é uma outra conversa. Acreditar antecipadamente que não vai funcionar ou que não adianta reclamar, são atitudes que fazem com que o "status quo" permaneça.

Marcos de Barros Leopoldo Guerra
marcospenteadoguerra@gmail.com
RG 15.895.859-7 SSP-SP

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