Meteorologia

Tristes chuvas de verão

Sidney Borges
No Natal de 1960 o rio Tamanduateí transbordou e o seu Manoel da padaria errou a ponte e mergulhou o Chevrolet 34 na correnteza. Morreram ele e três filhos pequenos. Nesse dia também morreram atropelados dois vizinhos, pai e filho, não recordo os nomes, eu era pequeno. Choveu muito naquele ano.

De lá para cá, tirando dois ou três verões em que houve seca, a história se repetiu. Ruas alagadas, deslizamentos, mortos, feridos, desabrigados e gente aproveitando a desgraça para faturar politicamente.

O que mais incomoda é que não existe solução para o problema, apenas paliativos. Na verdade tenho como certo que a tendência é piorar.

Um dia todos terão condições de moradia digna, longe de regiões alagadiças e encostas instáveis. Quando acontecer os dramas humanos diminuirão. Até lá teremos choro e ranger de dentes nos jornais da televisão.

Felizmente em maio ou junho tudo será esquecido. Mas que ninguém pense que as coisas mudaram. Em dezembro ou janeiro tem reprise.

Num passado recente a cidade de Blumenau foi vítima de enchentes. A região que mais sofreu com a cheia esteve desabitada durante séculos. Quando os colonizadores chegaram houve resistência por parte dos índios que viviam na região. No entanto, quando os brancos começaram a construir na margem do rio eles não protestaram.

Alguém notou esse comportamento e foi tirar stisfação.

O chefe da tribo disse que aquela terra não era deles. Não lutariam por ela. E continuou: os brancos estão tomando a terra do rio. Um dia ele vai querer de volta.

Em São Paulo também tomaram terra dos rios.

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