Coluna do Celsinho

Líderes

Celso de Almeida Jr.

Não dá pra não lembrar...

Afinal, foi uma convivência que garantiu muitas lições.

Refiro-me a Nadim Kayat.

Sua candidatura a prefeito de Ubatuba, em 1988, contou com a minha participação.

Já escrevi bastante sobre ele.

Por isso, quem conhece esta história, compreende o motivo de - em tempo de eleição - eu recordar do saudoso amigo com mais intensidade.

Naquela época, dentre muitos ensinamentos, eu aprendi o motivo de não surgirem novas lideranças no cenário político.

Nadim, quase quatro décadas mais velho do que eu, narrava com entusiasmo as lembranças de sua juventude.

Aluno da Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, nos anos 50, ele admirava os grandes mestres envolvidos na militância política.

Professores brilhantes, profissionais renomados, participavam dos partidos e preparavam novos quadros.

Preocupavam-se em colher nas universidades os jovens determinados, preparando-os para os embates políticos.

Nos partidos, era comum a existência de comitês de orientação política e partidária, que ensinavam e relatavam experiências.

Cursos de história universal, de administração pública, de ética, de filosofia, de oratória integravam a rotina dos partidos.

Líderes brilhantes, corajosos, preparados, inteligentes, encantavam a militância e despertavam na juventude o desejo de participar.

Esta chama tocou o jovem Nadim Kayat, que chegou a disputar eleições legislativas, colaborando na busca de votos para a sua legenda.

Não fosse um grave problema de saúde certamente ele teria seguido este caminho.

Curiosamente, foi em sua aposentadoria em Ubatuba que o desejo de colaborar com os destinos da cidade fez despertar o político adormecido.

Testemunhei a sua garra naquela campanha.

A sua disposição para levar um novo pensamento aos quatro cantos da cidade.

Perdeu a eleição, mas deixou o seu recado, que ainda hoje ecoa em muitos pensamentos.

Com exemplos e ensinamentos, ele revelou-me como surgem as novas lideranças.

São os partidos políticos que têm esta nobre tarefa.

São eles que, em regimes democráticos, criam a estrutura necessária para capacitar, para motivar, para descobrir talentos, garantindo a oportunidade para as novas vozes, para os novos líderes.

São homens e mulheres talentosos que aparecem a partir do debate intenso, da vivência política, da capacitação competente, da prática cotidiana da liberdade de expressão, do incentivo permanente ao estudo, ao questionamento e a reflexão.

Faltam novas lideranças?

Passados 26 anos da experiência política de Nadim Kayat em Ubatuba, continuo convicto de que a ausência de líderes nas esferas municipal, estadual e nacional está diretamente relacionada a fragilidade dos partidos políticos brasileiros na formação de novos quadros.

Quando esta prática for resgatada, seremos surpreendidos positivamente com as novas opções.

Quantos anos faltam para testemunhar esta boa nova?

Com a palavra, os partidos políticos do Brasil.

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