Coluna do Celsinho

De filha pra pai

Celso de Almeida Jr.
Na combinação doméstica, assumo os celulares descartados pela filha.
Entrando na adolescência, ela sempre descobre modelos mais interessantes, recheados com sedutoras tecnologias.
E assim temos feito...
Quando o orçamento permite brindá-la com lançamentos, assumo o usado e subo - atrasado - mais um degrauzinho, precisando ainda da capacitação que ela, pacientemente, me dá.
Eu, que conheci o Fusca 6 volts, dou-me por satisfeito com as novidades tardias, convencido de que demorarei para dominar tantas ferramentas.
Ah!!!  Chave de fenda!!!
Estrela, fixa, combinada, phillips, allen, eram companheiras de oficina, fáceis de manusear, prontas para sujar.
Outros tempos...
Os eletrônicos são diferentes; gostam de asseio.
Não resistem a um tacho com gasolina ou querosene; uma labuzada de Marfak; uma queda mais intensa; a chama de um maçarico.
A sorte é que posso matar a saudade a qualquer hora, na oficina preservada pelo Celso pai, que guarda e usa com carinho os mesmos e duráveis instrumentos que manuseei na infância.
De pai pra filho, a cultura de preservar e compartilhar as velhas ferramentas.
De filha pra pai, a cultura de descartar equipamentos recentes, substituindo-os por novíssimos, adotando o compartilhamento para outras situações.
Como se vê, fiquei no meio de duas culturas, confuso por ainda não descobrir se há um melhor caminho.
Na dúvida, saboreio as duas possibilidades.
Feliz por saber que, nos dois casos, a generosidade se mantém presente.

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