Coisas da terra


É tempo de...

José Ronaldo dos Santos
Algumas crianças e até mesmo adultos estão reclamando de um tema que está sendo muito comentado pela televisão: trata-se do encontro sobre o meio ambiente, no Rio de Janeiro (RIO+20). Resumidamente elas falam de que muito se fala e pouco se faz. E não temos muitos argumentos para rebater tal afirmação, pois até reduziu o número de países que estão representados oficialmente, se considerarmos o encontro anterior (de 1992). E digo mais: as determinações que valem para as nações pobres e em desenvolvimento, nem merecem consideração pelos países ricos.
   
Pegando carona em outro exemplo, bem atual: os supermercados agora são limitados pela oferta de sacolas descartáveis, mas as empresas continuam a todo vapor desovando um monte de embalagens plásticas nas nossas responsabilidades de consumidores. Bom para os comerciantes, donos de supermercados, que estão economizando nas embalagens. É como a lógica da indústria automobilística: há possibilidade de meios de transportes econômicos, baratos e não poluentes, mas... como ficam os altos lucros dos grupos empresariais? Afinal, esta decisão implica em rever um estilo de pensamento, de forma de produção etc. Será que chegaremos num ponto onde, como decorrência da educação, as empresas terão de rastrear as suas embalagens, reaproveitarem-nas para outras ocasiões? E o que dizer da nossa “malha ferroviária” que está parecendo rede usada de pesca que, tendo mais buraco do que malha, é descartada para cisqueiro de caiçara?
   
Na metade do século XIX, sob o governo de Pedro II, um visitante europeu já afirmava que o nosso país tinha a melhor legislação sobre o meio ambiente, mas não cumpria as esplêndidas determinações. Vindo para exemplos mais perto de nós, que de uma forma ou de outra alteram a qualidade ambiental: estou cansado de ver obras pipocando em nosso município sem nenhuma placa de responsável, nem do que está aparecendo ali. Também não tem como não enxergar carros velhos apodrecendo e impedindo o fluxo nas nossas vias públicas, as praças sendo usadas por particulares em seus negócios, os motoristas (desde ciclistas até condutores de grandes veículos) que pouco se lixam para “pequenas inflações”, os pedestres ignorantes que se acham imortais, além dos buracos e esgotos por todo lado, sobretudo nos bairros mais populosos, de onde sai a grande massa de trabalhadores deste município etc.
   
É por isso que merecem mais as nossas atenções os pequenos gestos, capazes de contagiar o nosso entorno, do que os créditos de carbono que possuo para vender às multinacionais. Nesse espírito apresento a conclusão de BUSCANDO JESUS (ver partes I e II) àqueles que ainda não tiveram a oportunidade que eu tive. Ou tiveram outras muito melhores, mas ainda não divulgaram o suficiente.

Procurando “Jesus” (III)
   
O que eu pretendi a partir do texto em três partes foi sensibilizar mais gente para uma causa que deveria ser de todos: manter as nossas riquezas culturais e naturais.
   
Tem gente trabalhando pela preservação do planeta, preocupados com as “pegadas” ecológicas (repensar o consumismo, as origens dos produtos que nos são necessários etc.), com sustentabilidade e outros termos afins que deverão voltar a fazer parte deste evento mundial (RIO +20) sobre questões ambientais. Porém, é preciso “alimentar” tais pessoas, senão... não é todo idealismo que resiste aos ataques da mídia (tentações consumistas) e às necessidades reais de sobrevivência. (Sei, por exemplo, que ao sair para ganhar algum dinheiro como operário da construção civil, pessoas entram na propriedade do Toninho e põem em risco o que tanto tempo está conservado).
   
Foram preocupações concretas, vivenciadas a partir do nosso lugar, que me conduziram à valorização de pessoas como o Toninho “Jesus”, Dito Chiéus, Luzia Borges, Neide Mesquita, Neide Antunes de Sá, Jarbas Luiz, Sinéia Santos, João “Carioca” Rodrigues, Washington Garcêz, Vera e Pedro Antonio e tantos outros. Porém, os poderes públicos, famosos por dilapidar os nossos bens, deveriam ser forçados a criarem mecanismos de compensação para aqueles que resistem à onda devastadora  e ainda nos oferecem as oportunidades de se revigorar para o cotidiano.
   
Enfim, custa muito pouco tomar o rumo das “pegadas” de “Jesus”. O que faremos?

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