Ubatuba


Desdobramentos do Caiçarau

José Ronaldo dos Santos
O texto do momento deriva de uma mensagem recebida nesses dias da jovem Cássia, filha da querida Ortênsia e do finado Acácio, ambos da região da Ponta Aguda, onde as informações noticiam ações de grilagem de terra correndo à solta, assim como em outras partes do município de Ubatuba. A este pessoal, descendentes dos Quintino, da Ilha do Tamanduá, e aos seus, moradores em Caraguatatuba, mando um forte abraço.

Os antropólogos estão na linha de frente quando se trata de defender as comunidades tradicionais. Por isso aproveito deste para homenagear o Diegues, um desses especialistas, natural da cidade caiçara de Iguape, quase na divisa com o Paraná.
 
Os caiçaras, ao escolherem a defesa de sua autenticidade, esbarram nos egoísmos daqueles que cobiçam as suas áreas (naturais e preservadas) para demonstração da rentabilidade econômica e da negação à vida de pessoas humildes, que se desenvolveram num lugar específico graças aos recursos naturais e à criatividade diante das necessidades, Portanto, em qualquer território da Terra há culturas distintas, únicas. São elas que formam o patrimônio principal de uma nação. Constituem-se como comunidades tradicionais!
 
Atualmente, o fenômeno que mina mundialmente as comunidades tradicionais é a globalização. Os sedentos de lucros a qualquer custo querem fazer crer que o mundo é a sua casa, que os produtos deles e do mundo lhes pertence mediante desembolso. Por decorrência, um padrão globalizado vai se fazendo como “modelo único, perfeito”. Desse modo, e por falta de uma reflexão sobre a cultura local (de cada comunidade tradicional), vamos perdendo valores e características que se forjaram em séculos de história, nos compondo numa massa cultural pré-disposta à alienação, à exploração em todos os aspectos. Resumindo: é deixar de ser você porque precisa copiar e consumir os produtos dos outros (que geralmente exercem o controle a partir de terras bem distantes).
 
Eventos como o CAIÇARAU e outros são alternativas de reconstrução cultural. Que venham muitos! Parabéns ao Bado e a todos que concorreram para o sucesso da empreitada!
 
Acreditando que a resistência é coisa de gerações, vou parar por aqui parafraseando Machado de Assis:
 
“Mesmo miseráveis, todos abençoarão esse canto de terra que proporciona algumas ilusões”.

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