Deu em O Globo

A Petrobras é boa companheira (Editorial)

Do Blog do Noblat
Maior empresa da América Latina, a Petrobras quase sempre foi mais forte politicamente que o ministro a que se subordina. Não chega a ser um Estado paralelo, mas dela emana muito poder. Já foi considerada uma “caixa-preta”, e até o presidente Lula não chega a considerá-la um exemplo de transparência. Não se sabe quais, mas ele deve reunir motivos para ter feito um comentário neste sentido na pajelança petroeleitoral realizada na quinta-feira, em Angra dos Reis, no batismo — antecipado, por óbvias razões — de uma plataforma.

Fundada em 1953 como resultado de grande movimento nacionalista, a estatal se modernizou, passou a formar a cada geração quadros técnicos de grande competência e, ao começar a trabalhar com grandes petroleiras internacionais, a partir dos “contratos de risco” instituídos no governo Geisel, entrou numa fase de aperfeiçoamento mais acelerado. Com o fim do monopólio, no primeiro governo FH, modernizou-se ainda mais.

Mas há preocupantes pontos de interrogação diante do futuro da empresa. Alguns deles têm a ver com o uso que esquemas de origem fisiológico-sindical fazem da empresa na Era Lula.

Na edição de ontem, O GLOBO trouxe um exemplo da ação desses grupos: Ibanês César Cássel, um dos diretores da Empresa de Pesquisas Energéticas (EPE), do Ministério de Minas e Energia, tem um escritório de eventos em Porto Alegre, Capacità, mimoseado pela Petrobras com pelo menos um contrato sem licitação.

O companheiro Cássel é próximo da candidata Dilma Rouseff desde quando ela era secretária de Energia do Rio Grande do Sul.

Não é fato isolado. Vide a facilidade com que a estatal abre os petrocofres para ONGs companheiras, também já demonstrado em reportagens.

No conhecido processo de partidarização do Estado, a infiltração na empresa parece ter sido proporcional ao seu tamanho.

Não há melhor símbolo dessa fase que Sílvio Pereira, único petista que até agora admitiu culpa no escândalo do mensalão, para trocar, na Justiça, o processo por serviços comunitários.

O símbolo não é apenas Silvinho, secretário-geral do PT quando estourou o caso, mas também o jipe de luxo recebido de presente de uma empreiteira baiana contratada pela estatal, a GDK.

Passa por momento delicado a empresa. A descoberta de promissoras reservas de petróleo no pré-sal atiçou a ideologia estatista do governo e da atual direção da companhia.

O modelo exitoso de exploração por concessão — tanto que por meio dele o pré-sal entrou no mapa do petróleo brasileiro — foi mudado, nessas áreas, para o de partilha, a fim de deixar o controle do óleo com o Estado.

Além disso, a estatal foi convertida em operadora única na região do pré-sal, e dona, compulsoriamente, de um terço dos consórcios. Daí a gigantesca capitalização — a “maior da Humanidade”. Na ponta final do modelo está a intenção de ela induzir a substituição de importações de equipamentos — o que sempre fez, diga-se.

Mas, apesar de todo o ufanismo característico do lulopetismo, as ações da estatal desabaram. Normal, alega a empresa, pois há bem mais títulos em circulação. O valor da empresa encolheu R$ 28 bilhões em apenas três dias.

Há, também, quem veja no ajuste a avaliação do risco de uma empresa cada vez mais controlada pelo governo, e hoje nas mãos de corporações.

A estatal é grande e movimenta muito dinheiro. Para tudo, no entanto, há um limite.

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