Coluna do Celsinho

Descendência

Celso de Almeida Jr.
A filha pediu fotos dos avós.

Cumprindo uma atividade escolar, montará uma árvore genealógica.

Lembrei de uma história da família.

Em 7 de setembro de 1887, do convés do Malange, vapor da Mala Real Inglesa, algumas meninas ouviam a queima de fogos e o som de fanfarras no Rio de Janeiro.

Graciosamente inocentes, pensavam que tratava-se de recepção especial.

Em verdade, eram as festas pelo 65º aniversário da Independência e a cidade mal dava conta dos que chegavam da Europa.

No desembarque, o pai das garotinhas apresentou o passaporte.

Uma folha grande, onde se lia que Lourenço Marques de Almeida, esposa e filhas estavam autorizados a seguir para o Brasil.

Vinham da cidade do Porto, Portugal.

No Rio de Janeiro, começando a vida no Novo Mundo, Lourenço montou uma livraria, na rua do Ouvidor.

Deixou para os descendentes um "Livro Particular", diário que até hoje é guardado com carinho especial.

Algumas passagens, citadas a seguir, sempre recordamos, com certa comoção:    

"Abençoados os pensamentos que sempre tive de ser bom e útil. Pelo esforço de meu trabalho, tenho conseguido sustentar minha família...Quando um dia, havendo eu deixado de existir, os meus filhos folhearem este livro, devem sentir-se animados da mesma satisfação que agora me anima ao pensar e cuidar assim deles. E minha mulher, essa querida e boa esposa que Deus me deu para complemento da minha felicidade, abençoada por mim como o é sempre, abençoará também a extrema felicidade que vai na alma."

Suas últimas palavras registradas:

"Eu não aspiro a ser muito rico. A minha ambição limita-se a desejar obter, por meio do trabalho, conforto, tranquilidade e segurança para minha família."

Nem dois anos após a chegada ao Brasil, Lourenço adoeceu, vindo a falecer em março de 1889.

Georgina, sua esposa querida, ficou viúva, com 6 meninas em um país estranho.

Alheia aos negócios, teve que se desfazer da livraria.

A vida seguiu...

Hoje, seus descendentes espalham-se Brasil afora.

No pensamento, a lembrança do pioneiro, com a certeza de que nos deixou a melhor herança.

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