Coluna do Celsinho

Desaforo

Celso de Almeida Jr.

Num dia distante, ao olhar para o passado, entenderemos melhor o processo de impeachment da presidente Dilma.

Que assim seja...

Peço, porém, ao prezado leitor e à querida leitora que avaliem algumas considerações.

Vamos lá...

Quantos casamentos foram por água abaixo em períodos de dificuldades financeiras?

Alguém que me lê, paciente, já encarou uma tempestade dessas?

Contas chegando, cobradores telefonando, filhos angustiados, esposa desesperada.

Dependendo do temperamento do casal, a pressão é insustentável e o amor não resiste.

Dores e sofrimentos duradouros.

Agora, empresas.

Algum comerciante me brinda com sua atenção?

Um empresário antigo, daqueles calejados, dos tempos do Cruzeiro, do Cruzado e de outras moedas?

Saboreiam as minhas letrinhas?

Pergunto para estes bravos:

Já perderam alguma empresa no turbilhão das dívidas?

Oficiais de justiça, audiências trabalhistas, fornecedores apavorados, funcionários deprimidos, salários atrasados.

Já experimentaram dramas assim?

Minha torcida mais sincera é para que não tenham tido tais experiências.

Mas, afinal, por que elas acontecem?

Muitos são os fatores, justificáveis ou não.

Bem estudados, porém, mostram algum tipo de erro de avaliação, em pelo menos alguma etapa da administração dos recursos.

Ao errar, por boa ou má fé, descobre-se que o estrago é grande e superá-lo não é missão das mais simples.

Exige, muitas vezes, a substituição dos atores ou dos métodos.

Constituir uma nova família ou adotar - pais e filhos - um novo comportamento no uso do dinheiro.

Nas empresas, contratar um novo gerente ou implantar um método de gestão mais eficiente.

Pois é...

E quando o erro compromete a saúde financeira de um país?

E quando as falhas na previsão orçamentária, na manipulação dos recursos, no zelo com o erário promovem uma crise monumental que atinge famílias, empresas, investidores, enfim, trabalhadores e empregadores?

Nas famílias e nas empresas - "normais" - o dinheiro não é público e a conta e o risco são particulares.

Nos governos, os impostos geram o dinheiro - público - que obrigatoriamente deve ser bem administrado.

O comportamento duvidoso e o despreparo do ator principal que conduz a administração do país a um quadro desta gravidade podem representar um crime?

Neste momento penso que estes são os pontos que os representantes do povo brasileiro estão avaliando.

Optando pelo afastamento da presidente é possível que toda a nação reflita sobre os desdobramentos do uso indevido do dinheiro.

Valerá, ao menos, como um duro aprendizado.

Poderá ensinar, para muita gente, que o dinheiro não aceita desaforo.

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