Opinião

O fundo de desenvolvimento de Eremildo

Elio Gaspari
Eremildo é um idiota e encantou-se pelo plano de investimentos da doutora Dilma. São R$ 198,4 bilhões, dinheiro suficiente para tirar qualquer economia do buraco. O idiota não entendeu as críticas e chocou-se com a reclamação de alguns pessimistas mostrando que 65% dos investimentos serão feitos pelo próximo governo.

Por idiota, Eremildo acha que passado e futuro são coisas intercambiáveis e assim ocorreu-lhe a ideia que pretende levar amanhã ao ministro Joaquim Levy. Seria o FEP, Fundo Eremildo do Passado.

Em vez de anunciar planos pendurados no futuro o idiota acha que Levy e a doutora poderiam fazer a manobra inversa: lançar planos com recursos do passado. Em 2012, no Plano de Investimentos em Logística, o PIL 1, a doutora anunciou investimentos de R$ 241,5 bilhões.

Realizou R$ 55,4 bilhões. Donde, sobraram R$ 186,1 bilhões. O idiota não acreditava que o PIL 1 fosse um pacote de expectativas, muito menos empulhação marqueteira.

O FEP e Eremildo promoveriam a felicidade geral. Por exemplo: o PIL 1 previa investimentos de R$ 33,4 bilhões no trem-bala que iria do Rio a São Paulo e o PIL 2 estima que serão colocados R$ 40 bilhões na Ferrovia Bioceânica. Aplicando-se a expectativa do primeiro trem na marquetagem do segundo, a obra sairá por meros R$ 6,6 bilhões.

Eremildo espera que Joaquim Levy entenda sua lógica e mostrará ao doutor que, apesar de idiota, tem aliados no governo.

O repórter José Casado mostrou-lhe que o comissariado das ferrovias considerou o PIL 1 um sucesso.

Quando o Tribunal de Contas da União perguntou-lhe onde estavam os estudos de viabilidade dos projetos ferroviários, o Ministério dos Transportes deu a seguinte resposta:

"Houve diversos estudos e avaliações, o que não houve foi a materialização de tais estudos em relatórios ou documentos. Um estudo não é um relatório! O relatório é somente uma forma de materializar um estudo. Em decisões importantes é comum (em qualquer organização) que os escalões superiores tomem como base apresentações sucintas (como as lâminas de Power Point)." Cadê o estudo? "Por vezes a dinâmica do processo é tal, que registros são olvidados no afã de entregar resultados para a sociedade".

Mais: seria "preocupante" que o TCU criasse "obstáculos" simplesmente porque não apareceram os estudos de viabilidade das ferrovias.

Eremildo está de acordo. Ele acha que Levy pode criar uma contabilidade de expectativas. Quem quer ferrovias responde às perguntas do TCU. Quem quer felicidade fica com a teoria geral do bem-estar do Ministério dos Transportes e do palácio do Planalto.

Original aqui

Twitter

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Mosca-dragão

Pegoava?

Jundu