Opinião

O calendário do MST

O ESTADO DE S.PAULO
Como organização ilegal que é, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) sempre fez das ações criminosas a principal ferramenta para manifestar sua pauta de reivindicações. Mas agora, desfrutando como nunca da cumplicidade do governo petista, chega a anunciar com antecedência a agenda das invasões de prédios públicos, fechamento de estradas e avenidas e ocupação de terras e empresas privadas.

Tal nível de organização e de transparência dispensa até mesmo o trabalho dos serviços de inteligência do governo, cuja função é antecipar-se a ameaças ao Estado Democrático de Direito, pois esses serviços se tornaram desnecessários diante da espantosa sem-cerimônia do MST.

Antigamente, quando eram movimentos considerados danosos ao Estado, o MST e seus comparsas tinham de atuar sem aviso prévio, usando o fator surpresa para pegar as forças de segurança desprevenidas. Mas hoje esses grupos têm status de associados do governo petista - ainda que eventualmente possam ser críticos da administração -, e isso explica a tranquilidade com que o MST torna público o seu "calendário de lutas".

Como se pode ler no site do movimento, o tal calendário previa, para o mês de março, a "Jornada Nacional de Lutas das Mulheres Camponesas", que se estendeu do dia 4 ao dia 9. Depois, começou a "Jornada Unitária do Campo", entre os dias 10 e 13.

As exigências do MST vão desde a já conhecida "reforma agrária popular" - que sempre foi o pretexto para uma revolução com o objetivo de solapar a ordem econômica e social do Brasil - até o fim do machismo, que o movimento atribui, ora vejam, ao "capitalismo neoliberal".

Nas tais "jornadas", como noticia o MST com riqueza de detalhes, os sem-terra ocuparam fazendas, obras públicas, agências bancárias e empresas privadas, além de prédios do Ministério da Agricultura e da Companhia Nacional de Abastecimento. Segundo o movimento, a baderna se estendeu por 22 Estados, com o fechamento de avenidas e rodovias na maioria deles. Um dos bloqueios resultou em tragédia: na BR-101, perto de Aracaju, uma carreta bateu nos carros que estavam parados, matando dois adultos e uma criança.

"Marchas, ocupações de terra e prédios públicos e trancamento de rodovias foram algumas das ações utilizadas pelos trabalhadores rurais para denunciarem o modelo do agronegócio no campo brasileiro e apresentarem a agroecologia como alternativa ao capital estrangeiro na agricultura", descreveu o MST em sua página na internet. Não se tem conhecimento de que o governo tenha tomado alguma providência para dar um basta a essa desinibida exibição de truculência.

O MST atua, portanto, com a certeza da impunidade. Mas não é apenas isso. O MST é hoje uma espécie de milícia lulopetista. Não surpreende que, em meio a toda a balbúrdia protagonizada pelo movimento País afora, seu principal líder, João Pedro Stédile, tenha sido recebido pelo ex-presidente Lula em reunião que incluiu o ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Miguel Rossetto. Do que conversaram, pouco se sabe. Mas não é preciso muita perspicácia para supor que boa coisa não foi - ainda mais considerando-se que Lula considera o MST um "exército" pronto para defender seu legado.

E esse exército, que está fazendo estragos em vários Estados, será acionado nesta sexta-feira para fazer o que dele se espera, isto é, promover uma mobilização que crie um clima de confronto que intimide aqueles que pretendem, no domingo, manifestar-se contra a presidente Dilma Rousseff.

Enquanto isso, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, que não reservou uma única palavra de censura ou de preocupação em relação às ações violentas do MST, achou por bem pedir que aqueles que farão protestos contra o governo evitem "ações de ódio" e se manifestem "dentro da lei, dentro da ordem". Segundo Cardozo, esses atos serão considerados legítimos somente se forem pacíficos e demonstrarem "respeito às regras democráticas".

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