Pitacos do Zé


Ah! Eles são muitos, minha senhora!

José Ronaldo dos Santos
Ela vivia assim, pisada mais intensamente apenas em época de coleta, de caça e de pesca, quando as tainhas apareciam vindas do sul frio. Mas não se importava com isso.

A Minha Senhora, pouco tempo depois do “achamento” por aquele que descendia de criadores de cabras, foi descoberta e disputada e até serviu de base aos antigos habitantes confederados. E ficou triste pela Traição de Iperoig.

Nas terras da Minha Senhora, as matas caíram para ceder espaços aos canaviais, aos cafezais e outras culturas. Vieram as fazendas e os sobrados dos mais ricos. As moradias dos pobres de outros tempos deixaram marcas apenas pelas frutíferas plantadas pelos terreiros.

Mais recentemente, novos colonizadores chegaram cobiçosos pelas paisagens da Minha Senhora. Os pobres trabalhadores também são novos colonizadores. Desses, uma mínima parcela não são depredadores. Prova disso é a sujeira que arruína as vestes e os enfeites da Minha Senhora. “Até no rio do Félix está acontecendo descargas”. Os outros seres agregados também estão se esvaindo, morrendo indefesos.

Hoje, na ânsia de levar vantagem em tudo, o descaso e a corrupção grassam em todos os níveis. “É a grande miséria cultural!”. E o pior: cada aproveitador – pequeno ou grande! -  se apresenta com falsa humildade, tal como no romance quixotesco, dizendo: “Eu, Senhora, sou o gigante Caraculambro, senhor da ilha Malindrânia”.

Ah! Ia me esquecendo: eles são muitos, Minha Senhora!

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