Pitacos do Zé

O que dirão alguns

José Ronaldo Santos
Reflita no que está acontecendo na rotina escolar na nossa cidade (Ubatuba-SP): a Secretaria de Estado da Educação (SEE –SP) decretou férias durante a Copa do Mundo de Futebol, as escolas particulares estão em férias durante o mês de julho. A rede municipal, somente na segunda quinzena de julho dará férias aos seus alunos, quando os seus colegas da rede estadual estiverem voltando às aulas.

Nesse contexto, aproveitando do civismo futebolístico, resolvi pinçar um fragmento do escritor Demétrio Sena, de Magé (RJ) para pensar outro aspecto da educação formal (aquela que acontece na escola, a partir dos estudos sistematizados na nossa realidade).

“Não conheço nada, além da educação formal, que seja mais educativo do que o esporte. O esporte educa bem mais do que a própria arte, se compararmos o exemplo pessoal obrigatório do esportista com o do artista. O artista, por exemplo, se for sedentário, fumante, promíscuo, viciado em droga ou álcool, continuará artista. O atleta, não. Se ele quiser ser e permanecer atleta, não poderá jamais, ser um exemplo negativo em nenhum destes aspectos”. 

Como bem disse o autor, a educação formal está em primeiro lugar. É dela e da primeira educação (familiar) que vão despontar o esportista feliz, o artista realizado e o cidadão que não é de papel. Na base dessa educação formal estão muitos professores se dedicando na medida do possível. Eles exercem um papel importante, mesmo nas muitas adversidades. Uma destas é uma ideologia que se alastra como mofo na umidade: de se resolver na vida sem fazer esforço. Assim, está cada vez mais difícil desenvolver a educação formal. Uma boa parcela dos alunos chega à adolescência convictos de que a assistência social, a esmola e o apenas passar pela escola já está bom demais. Falam no vazio os mestres que apresentam questões ambientais, de cidadania etc. E aí, para atender “forças ocultas”, quase um terço desses “novos cidadãos”, conforme pesquisa, conclui o Ensino Médio como analfabetos funcionais. Chega o período de férias (ou recesso escolar). Que bom!

Que bom? Coloque-se no lugar de alguém que trabalha, no mínimo, em duas redes de ensino. Esse não terá férias, não poderá sair com a família para um passeio. Tudo isso porque as redes de ensino (estadual, municipal e particular) estão num descompasso. “Atípico”, dirão alguns. 

Em tempo 1: Isso também pode estar ocorrendo com os profissionais da educação e pode estar afetando as famílias em outras cidades.

Em tempo 2: Talvez a solução seja a esperada por tantos pais pobres: dar nome de jogador ou de artista famoso ao recém-nascido e esperar a mesma sorte.

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