Pitacos do Zé

O prazer é o fim

José Ronaldo dos Santos
Quem se desloca de sua casa para um local de festa é porque quer viver as emoções daquela festa. O inverso é tão verdadeiro quanto: quem se afasta de um local assim é porque deseja outra modalidade de prazer, uma paz para a alma.

A introdução acima é só para entender - repensar! - uma situação atual que tende a continuar: o excesso de barulho (som altíssimo) na Festa de São Pedro e outras realizadas na Praça de Eventos, na avenida da cidade (Ubatuba- SP).

Um amigo do Perequê-açu, bem distante dali, xingava muito por esses dias por não conseguir descansar devido ao barulho. A amiga Lúcia, moradora do centro da cidade, também se lamentou por ter dormido só depois de altas horas da madrugada. O Ivan, um italiano que adotou a nossa cidade há anos, desabafou assim: “De lá do Itaguá, onde moro, tinha-se a impressão que o barulho era no nosso quintal. Cadê a lei que rege a potência do som no município? Ela vale para quem?”.

Ontem, 29 de junho, mesmo estando próximo do local onde a Congada se apresentava, a qualidade do equipamento secundário não permitia escutar direito a voz do Mestre Dito Fernandes. Sorte que os rapazes gritavam seus versos, além de sapatearem e manejarem seus bastões com muito vigor.

Depois, no palco principal, como parte da montagem que “custou mais de um milhão de reais”, um som estrondava nossos tímpanos. Até desisti de continuar apreciando os Mambembrincantes.

Creio que o Velho Epicuro, que viveu há 2.300 anos, na Grécia,  pode encaminhar para um bom senso:

“Quando dizemos que o prazer é o fim, não queremos referir-nos aos prazeres dos intemperantes ou aos produzidos pela sensualidade, como creem certos ignorantes, que se encontram em desacordo conosco ou não nos compreendem, mas ao prazer de nos acharmos livres de sofrimentos do corpo e de perturbações da alma”.

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