Opinião

Consumidores hesitam em tomar empréstimos

O Estado de S.Paulo
Entre os meses de fevereiro de 2013 e 2014, a disposição de tomar empréstimos diminuiu 9,6%, segundo a Serasa Experian. Empresas e, em especial, famílias passaram a analisar com mais cuidado a hipótese de tomar crédito em vista da alta de juros, da necessidade de evitar a inadimplência e de pressões inflacionárias que reduzem o poder aquisitivo de salários e outras rendas.

Quanto menor a renda, maior a disposição de não recorrer ao crédito: entre os trabalhadores com renda de até R$ 500 mensais, o corte foi de 12,4% e, entre R$ 500 e R$ 1 mil, de 11,3%, passando para -8,8% na faixa de R$ 1 mil a R$ 2 mil e para -6,2% nas rendas entre R$ 2 mil e R$ 5 mil. O porcentual cai à metade, em torno de 3%, nas faixas de R$ 5 mil a R$ 10 mil e superiores. A menor disposição de tomar crédito está presente na Região Sul, onde é mais elevado o nível de escolaridade, mas também ocorre no Norte e no Nordeste (-14,2% e -14%, respectivamente).

Reportagem de Márcia de Chiara, no Estado de ontem, indica que o aumento real do saldo de operações de crédito ao consumidor deverá cair pelo quarto ano consecutivo, de 16,6% em 2010 para 7,8% em 2014. A média de aumento de 7,8% é obtida com o avanço estimado de 3,8% nos saldos de operações de crédito com recursos livres (crédito pessoal, aquisição de bens, cartão de crédito e cheque especial) e de 13,8% com recursos direcionados (BNDES, crédito imobiliário e crédito rural e Minha Casa Melhor), segundo a Tendências Consultoria.

Com a elevação da taxa Selic, os juros aumentaram em todas as linhas de crédito, inclusive imobiliário, em que houve, entre dezembro e janeiro, alta média de 0,6 ponto porcentual ao ano. Nas operações com recursos livres, a média de taxas deverá passar de 36% ao ano para 39,6% ao ano, calcula a economista Mariana Oliveira, da Tendências.

A inflação, ao reduzir a renda real dos trabalhadores, é o segundo fator de preocupação dos tomadores. A estimativa para o IPCA de 2014 na pesquisa Focus passou de 6,01% para 6,11% numa só semana. A alta do IGP-M da FGV é projetada em torno de 1,5% neste mês. Já o custo de vida da classe média, que abrange 20% da população de São Paulo, subiu 1,18%, em janeiro, e 0,73%, em fevereiro, puxado por habitação, alimentação e transportes, segundo a Ordem dos Economistas do Brasil.

A precaução na hora de tomar crédito é saudável, mas afeta o crescimento da economia.

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