Opinião

Os planos da Petrobrás

O Estado de S.Paulo
Mesmo com metas mais realistas para a produção de petróleo nos próximos anos, o Plano de Negócios 2012-2016 que acaba de ser aprovado pelo Conselho de Administração da Petrobrás prevê investimentos de US$ 236,5 bilhões para o período, valor 5,25% maior do que o total aprovado para o período 2011-2015. Desse modo, a empresa parece ter atendido, ainda que parcialmente, aos apelos cada vez mais insistentes do governo a todo o setor empresarial para que eleve os investimentos, para evitar que a crise mundial afete ainda mais o desempenho da economia brasileira.

O novo plano reforça a ênfase, já nítida nas programações anteriores, nas atividades de exploração e produção, das quais se destacam os investimentos no pré-sal. É preocupante, no entanto, que, apesar da previsão do aumento nos investimentos totais, numa área essencial para a geração de recursos necessários à expansão contínua das atividades da empresa, a de Abastecimento e Refino, os investimentos sejam menores do que os incluídos no plano quinquenal aprovado no ano passado.

A redução não é apenas porcentual (os investimentos em refino e abastecimento correspondiam a 31% no plano de negócios aprovado em 2011 e, no atual, respondem por 27,7%). Haverá também corte em valores: para o quinquênio 2011-2015, a previsão era de investimentos de US$ 70,6 bilhões; no plano para o período 2012-2016, o valor caiu para US$ 65,5 bilhões, com redução de US$ 5,1 bilhões.

Ao contrário da redução das metas de produção de óleo e gás para os próximos anos, esta não pode ser atribuída a maior realismo da administração da Petrobrás. Embora membros de sua diretoria tenham evitado tratar abertamente do problema, a empresa vem enfrentando dificuldades financeiras em razão de alguma defasagem dos preços dos combustíveis e da valorização do dólar, visto que a empresa importa parte do combustível que vende no mercado doméstico. Compra o produto a preços do mercado mundial, paga em dólares, agora mais caros, mas vende em reais, a preço fixado pelo governo. Isso ajuda no combate à inflação, mas impõe custos à Petrobrás.

Maior eficiência operacional - agora incluída entre as metas do que sua direção chama de "programas estruturantes" necessários à execução do plano para os próximos cinco anos - reduziria a necessidade de reajuste dos preços ao consumidor. Mas o melhor caminho para evitar novas dificuldades financeiras é o aumento da capacidade de refino da empresa. A redução de investimentos nessa área tende a manter a dependência da Petrobrás a fornecedores externos e às oscilações do mercado internacional.

A exploração e a produção, que vinham sendo prioridade da Petrobrás desde a gestão anterior, dirigida por José Sérgio Gabrielli, tornaram-se ainda mais importantes na gestão de Maria das Graças Foster. A área foi contemplada com 57% dos investimentos quinquenais aprovados no ano passado e, com o novo plano para 2012-2016, passará a receber 60% do total, o que equivale a US$ 141,8 bilhões. Desse valor, 51% serão investidos no pré-sal.

Leia na íntegra em Os planos da Petrobrás

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