Opinião

A greve do Metrô e da CPTM

O Estado de S.Paulo
A exemplo do que está ocorrendo com as universidades federais, a greve dos funcionários do Metrô e da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), que deixou cerca de 5 milhões de pessoas sem transporte, também foi deflagrada por motivos corporativos e políticos.

Apesar de já terem obtido aumento real no dissídio do ano passado, os metroviários querem repetir a dose em 2012. Por isso, rejeitaram a proposta de 1,5% de reajuste feita pelo Metrô. Por causa das eleições de outubro, a categoria acha que conseguirá pressionar o governador Geraldo Alckmin a conceder um aumento maior. Já os ferroviários da CPTM apresentaram uma pauta ainda mais ambiciosa. Eles reivindicam um aumento de 10,83%, um novo plano de cargos e salários e maior participação nos lucros da empresa. Como a CPTM serve as áreas mais periféricas da capital e várias cidades da Grande São Paulo, onde moram trabalhadores que ganham até dois salários mínimos, o governo estadual agiu com sensatez ao propor um aumento de 6,17%, aceitar discutir um plano de cargos e recusar o último pedido. Se aceitasse elevar o montante do Plano de Lucros e Resultados de seus ferroviários, a CPTM seria obrigada a aumentar as tarifas - o que não faz sentido para uma companhia que atende aos segmentos menos favorecidos da população e que não consegue nem mesmo financiar a manutenção de equipamentos com sua receita atual.

Além das reivindicações de duas categorias que se acostumaram a converter a população em refém de seus interesses corporativos, a paralisação do Metrô e da CPTM foi causada por razões políticas. Desde que as duas empresas passaram a enfrentar problemas técnicos decorrentes do aumento de usuários, o PT deixou claro que iria usar quebras de vagões, descarrilamentos, queda de energia, atrasos e choque de trens para acusar os tucanos - que controlam o governo estadual há cinco gestões - de não terem competência em matéria de infraestrutura.

Como uma orquestra afinada, os petistas passaram nas últimas semanas a usar reiteradamente a expressão "apagão dos transportes". Essa é a principal palavra de ordem dos petistas em suas críticas a Alckmin e ao candidato do PSDB à Prefeitura da capital, José Serra. A greve do Metrô e da CPTM ajuda a reforçar essa crítica.

Além do envolvimento do PT, as greves do Metrô e da CPTM têm as digitais dos pequenos partidos da esquerda radical, que tentam compensar a falta de representatividade eleitoral explorando situações de fato - e grande visibilidade midiática - na área de serviços essenciais. Esses partidos são os mesmos que há muito tempo patrocinam as ocupações da reitoria da USP, estimulam as invasões de áreas públicas e propriedades privadas e tumultuam a execução das ações de reintegração de posse determinadas pela Justiça, a exemplo do que ocorreu há alguns meses na área do Pinheirinho, no Vale do Paraíba. Nos últimos anos, esses pequenos partidos radicais infiltraram-se em vários setores da administração estadual e federal e vêm disputando acirradamente com o PT o controle de determinados órgãos e dos sindicatos trabalhistas a eles vinculados.

Leia na íntegra em A greve do Metrô e da CPTM

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