Bairros de Ubatuba

"Pobres sempre tereis entre vós!"

José Ronaldo dos Santos
Escolhi esta frase como título para responder àqueles que me perguntam sobre a situação de violência no bairro do Ipiranguinha, onde moro. É uma exclamação de Jesus Cristo comumente usada para a aceitação da pobreza como uma predestinação, um determinismo, um destino já escrito para as pessoas. Maktub, conforme os ismaelitas (árabes), seguidores do profeta Maomé.

Dentre os bairros de Ubatuba, o do Ipiranguinha parece ser onde a pobreza é mais gritante. Creio que, se fizermos uma pesquisa, a proporção dos mais carentes é relativamente igual em todos os lugares (seja como trabalhadores, seja como moradores). Ou seja, em todos os lugares os pobres abundam. Afinal, estamos no Brasil! Só para citar alguns países da América Latina, o nosso país ganha, no quesito má distribuição de renda, do Uruguai, da Colômbia, de Cuba e da Venezuela. Por isso faço questão de argumentar (em minhas propostas) sempre pensando em agir nas diversas frentes, para construir uma sociedade onde as riquezas sejam divididas  com aqueles que as produzem, com os trabalhadores (não confundir com assistencialismo, esmola etc.). Isto é justiça.

As minhas propostas são as de um  caiçara que  mora  neste bairro há quinze anos, mas que é do tempo em que esta cidade (Ubatuba) nem cerca tinha para marcar as divisas, quando as casas tinham amarradilhos por fora, ou seja, os moradores, ao saírem, quando muito enrolavam uma cordinha a fim de segurar a porta somente para os animais não adentrarem. E todos se conheciam!

Nesse sentido, de insegurança e medo da violência, os bairros próximos não se diferenciam. Agora, pelo volume (alguns afirmam que o Ipiranguinha tem 18 mil habitantes) no pequeno espaço, aponto falha na educação e na ineficiência dos agentes que deveriam zelar pelo cumprimento das leis: orientações e punições! (Mas isto não se aplica ao município inteiro?).

A cidade prescinde dos trabalhadores deste bairro; as pessoas são humildes e, em sua maioria, vieram para Ubatuba por necessidade de sobrevivência. É lógico que as pessoas do bem devem aprender a se impor para não sucumbirem à minoria que são do mal ou querem se parecer do mal, porque, infelizmente, a mídia dá status aos foras da lei e aos corruptos. Apesar da maioria dos moradores ser religiosa e trabalhadora, a desorganização do bairro pode facilitar os que são mal; são eles que precisam cultivar a fama ruim de um lugar para criar um reduto, mas só conseguirão isso se as famílias se omitirem de sua função educativa. Eu, por exemplo, já precisei até registrar queixa contra vizinho que queria impor o seu barulho (acreditando que era música!) aos demais. Enfim, as desavenças que esporadicamente vejo pelas ruas são resultantes das bebedeiras de alguns, das limitações culturais e reflexos de uma realidade maior chamada Brasil. Demonstra eficiência das condutas massificadas produzidas justamente para manter a estrutura piramidal da sociedade, onde os muitos da base sustentam os poucos de cima. Prova disso é o devotamento dos candidatos ao bairro em época eleitoral.

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