Para reflexão

Por uma esquerda ética!

Jean Daniel diretor do Nouvel Observateur no El País (06).
Aqui estão algumas lições que aprendi com meus professores. Eu me tornei um "reformista radical". Pratico a "moral do desconforto." Trata-se simplesmente de uma ética da esquerda. Eu não separo a liberdade da igualdade, nem a criação de riqueza da sua distribuição. Não há que acomodar-se na resignação. Sou a favor de uma não violência ofensiva.

Eu não quero mudar o mundo; quero reformá-lo. Na verdade, acho que o mundo muda por si só muito mais rápido do que o nosso desejo de mudá-lo. Mas se eu quero ser reformista, não é somente porque renunciei a revolução, mas porque eu acredito nos progressos, e faço questão de dizer que escrevi esta última palavra no plural. O século passado deveria nos levar a desconfiar de todas as revoluções, a entender todas as resistências e abraçar o espírito da reforma. Com a condição que essa conversão seja realizada com um radicalismo que impeça que os compromissos se transformem em arranjos. A democracia deve ser uma paixão.

A explosão dos dogmas e das ideologias deveria condenar-nos a humildade. Além das brigas políticas justas e do entretenimento das polêmicas, o imperativo já não é suportável. Decidi interessar-me sempre pelas razões de quem discorda de mim. A sabedoria consiste agora em nunca separar os conceitos de liberdade e igualdade. A primeira sem a segunda nos leva para a selva da competição. A igualdade sem liberdade conduz à uniformidade e a tirania. Não se deveria separar a preocupação pela criação de riquezas, da preocupação com a sua distribuição. O homem continua sendo a meta de toda a criação.

A partir desta perspectiva, o dinheiro só pode ser o símbolo de uma mercadoria e o instrumento que serve para fazer com que ela circule melhor. Quando a especulação leva a considerar o dinheiro como um fim e não como um meio - em outras palavras, quando o capital é "financeirizado" - a sociedade inteira se transforma em uma bolsa de valores que só pode escolher entre um individualismo cínico e um roubo organizado.

Não está no destino de uma vítima permanecer assim: depois da libertação, pode transformar-se em carrasco. Todos aqueles que aceitam responder a barbárie com a barbárie, utilizando as mesmas armas que seus inimigos e traindo assim os valores pelos quais lutam, deveriam manter presente esse pensamento. Na minha infância, aprendi a considerar a humilhação como um dos piores males da humanidade. A humilhação é a que mais profundamente fere a alma de um indivíduo ou uma comunidade. E o que está por trás das revoluções controladas e das revoluções fanáticas. (Do Ex-Blog do Cesar Maia)

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