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'Não é como Egito e Tunísia', diz analista israelense

Daniela Kresch, O GLOBO / Blog do Noblat
Para a cientista política israelense Yehudit Ronen, da Universidade Bar-Ilan, a Líbia já está em guerra civil. Autora de "A Líbia de Kadafi na Política Mundial" (2008), Ronen não parece muito otimista quanto ao futuro do país norte-africano.

Muamar Kadafi pode cair?

Sim, não é mais um cenário imaginário. Agora, há uma guerra civil. A pergunta é a seguinte: se Kadafi for mesmo derrubado, cai só seu governo ou o regime como um todo? São duas coisas diferentes.

Mas o regime líbio não gira em torno de Kadafi?

Sim, mas ele pode cair e o regime do "Livro Verde" continuar, talvez através de seu filho, Saif al-Islam. Ou através de Shukri Ghanem, presidente da Corporação Nacional de Petróleo, um dos homens mais fortes do país.

Saif parece estar aliado ao pai, mas pode traí-lo?

Com certeza. Ele é jovem, está há anos na cúpula do governo, gerenciando áreas estratégicas. Por ser mais a favor de uma aproximação com o Ocidente, pode acabar sendo aceito como novo líder.

Pode haver ruptura?

A Líbia vive rivalidades tribais antigas. Mas dividir o país não funcionaria, porque o petróleo está concentrado numa área.

Como a senhora vê a Líbia pós-Kadafi?

Precisará passar por estabilização. Hoje, não há credibilidade nas instituições. A Líbia não é como o Egito e a Tunísia, onde há padrões governamentais estabelecidos, independentemente de bons ou ruins. Nesses países, há um cotidiano burocrático, associações e uma sociedade civil que funciona. Na Líbia não: o sistema é instável, fechado, em constante mudança. Tudo passa por tráfico de influência e comitês intermináveis. É totalmente incerto o que vai acontecer.

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